Parecia filme de zumbi, queriam nos matar, diz motorista atacado na Cracolândia

Luis Fernando Santos, condutor de um dos ônibus vandalizados, falou sobre os momentos de tensão vividos durante ataque dos dependentes químicos no centro de São Paulo

BandNews FM

Parecia filme de zumbi, queriam nos matar, diz motorista atacado na Cracolândia
Usuários de drogas da Cracolândia atacaram ônibus na região central de São Paulo
Foto: Agência Brasil

A equipe do programa BandNews São Paulo conversou nesta quarta-feira (12) com um motorista de ônibus que foi atacado por dependentes químicos da Cracolândia, na última terça. Luis Fernando Santos, condutor do coletivo, contou que um grupo de aproximadamente 50 pessoas em situação de rua partiram em direção do ônibus - que conduzia cerca de 10 pessoas, com idosos e crianças. 

De acordo com o motorista, a chegada das Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) foi fundamental para que a ação dos vândalos se encerrasse.

Foi algo assustador. Para mim, parecia um filme de zumbis. 'Vamos matar, vamos matar', diziam. Todo mundo dentro do coletivo em choque e seja o que Deus quiser. Tomei uma pedrada na costela. Levantei do banco, desliguei o ônibus e tirei a chave do contato. Eles queriam dominar o ônibus e sair com o ônibus.

Luis relatou que um caminhão, estacionado ao seu lado, também foi alvo de ataques. Portas e para-brisa foram quebrados pela ação dos vândalos, que também arremessaram pedras no veículo. Segundo o condutor de ônibus, o desespero tomou conta dos presentes e o cobrador de passagens se machucou ao tentar fugir do local. O dinheiro arrecadado com as passagens foi roubado pelos dependentes químicos. 

Foi muito rápido, começaram a jogar pedra no parabrisa do ônibus. Quebraram a porta, começaram a entrar com faca na mão pedindo celular. Um monte de loucos roubando, quebrando vidros. Foi cena de terror.  

Mesmo com medo e receio do que pode vir a acontecer, Luis retornou às atividades um dia depois do ocorrido. Ao tentar dormir, o condutor afirmou que passou a acordar pela madrugada com as lembranças do ocorrido. 

O motorista também afirmou que a situação do centro de São Paulo está delicada e que não recomenda à população que passe pelo local. Sua família, nas palavras de Luis, também será desaconselhada a passar pela região.

A gente via esses ataques em carros de passeio. Com ônibus nunca havia visto. A princípio, jogavam uma pedra no para brisa e saiam. Dessa vez foi diferente, como se eles estivessem revoltado. Andar no centro da cidade, não aconselho ninguém. Nem minha família quero que apareça no centro. Passamos um sufoco. 

Prefeito ressalta melhora no centro

Em entrevista à BandNews FM na última quinta-feira (6), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) ressaltou que houve uma melhora na região central de São Paulo. Segundo o gestor público, houve queda no número de dependentes químicos e pontuou que, em breve, a população paulistana verá a melhora produzida na região. "Estamos num processo de transformação de percepção. É questão de tempo até as pessoas frequentarem, verem e escutarem os depoimentos das pessoas que vivem e trabalham no centro", considerou o político.