A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) anunciou, nesta terça-feira (30), o envio de mais 700 soldados para o norte de Kosovo. A ação ocorre após 30 militares enviados para operações de paz serem feridos em confrontos com manifestantes de etnia sérvia.

“Decidimos enviar mais 700 soldados da força de reserva operacional para os Bálcãs Ocidentais”, disse o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg. Ele também afirmou que “colocaria um batalhão adicional de forças de reserva em alta prontidão para que também possam ser destacados, se necessário”.

Atualmente, a missão de manutenção da paz liderada pela OTAN no Kosovo conta com quase 3.800 soldados.

O conflito em Kosovo eclodiu em 1998, quando separatistas de etnia albanesa se rebelaram contra o governo da Sérvia, que respondeu com uma repressão brutal. Cerca de 13 mil pessoas, a maioria de etnia albanesa, morreram.

A intervenção militar da OTAN, em 1999, acabou forçando a Sérvia a se retirar do território. No entanto, os sérvios não reconhecem, até hoje, a independência do território, ocorrida em 2008.

Os albaneses étnicos constituem a maior parte da população do Kosovo, mas há uma minoria sérvia rebelde no norte do país, que faz fronteira com a Sérvia.

As tensões mais recentes aconteceram no fim de semana passado, depois que autoridades de etnia albanesa eleitas em votos boicotados por maioria esmagadora pelos sérvios entraram em prédios municipais. Quando os manifestantes sérvios tentaram bloqueá-los, a polícia de Kosovo disparou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

Em resposta, a Sérvia colocou os militares do país em estado de alerta máximo e enviou mais tropas para a fronteira com Kosovo. Os sérvios protestaram novamente na segunda-feira (29), insistindo que tanto os prefeitos de etnia albanesa quanto a polícia de Kosovo devem deixar o norte do país.

Durante um dos protestos, a polícia de Kosovo os repeliu com gás lacrimogêneo os manifestantes. Os soldados da OTAN inicialmente tentaram separar as partes em conflito, mas depois tentaram dispersar a multidão usando escudos e cassetetes. Vários manifestantes responderam atirando pedras, garrafas e coquetéis molotov.

Após o episódio, o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, pediu aos líderes de Kosovo e da Sérvia que diminuíssem imediatamente as tensões, dizendo que os confrontos eram "absolutamente inaceitáveis".