Inquérito mostra que comandantes do Exército e da Aeronáutica rechaçaram plano de golpe

Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou inquérito de mais de 800 páginas sobre a tentativa de golpe de Estado

Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, rechaçaram o plano de golpe de Estado apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), militares e apoiadores. O nome deles não consta entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF).

Na tarde desta terça-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do relatório da PF sobre a tentativa de golpe de estado após as eleições presidenciais de 2022. As informações sobre a atuação contrária ao golpe de Freire Gomes e Baptista Junior constam no documento.

As provas mostram que Freire Gomes, que é citado 136 vezes relatório, foi pressionado a aderir às ideias golpistas. Ele, no entanto, não aceitou e afirmou em reuniões com o governo Bolsonaro que o Exército não iria aderir ao plano.  

Em 7 de dezembro de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro, já derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva, chamou os comandantes das Forças Militares e o ministro da Defesa para apresentar a minuta de um decreto presidencial e "pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito".

"Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderir a qualquer plano que impedisse a posse do governo legitimamente eleito", diz o relatório da PF.  

No entanto, o então comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, aceitou a ideia. O relatório cita que Garnier "colocou-se à disposição para cumprimento das ordens."

O relatório menciona ainda outra reunião, no dia 14 de dezembro de 2022, e diz que Garnier "foi o único comandante a não se opor aos atos que levariam à abolição do Estado Democrático de Direito."

"Os elementos de prova obtidos, tais como mensagens de texto e depoimentos dos então Comandantes da Aeronáutica e do Exército prestados à Polícia Federal, evidenciam que o então Comandante da Marinha do Brasil, Almirante ALMIR GARNIER, foi o único dentre os três a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito", diz outro trecho do documento.

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