Após 24 horas da ação policial que deixou 25 pessoas mortas na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, a Organização das Nações Unidas cobrou uma investigação independente sobre a operação.
Robert Colville, porta-voz dos Direitos Humanos da ONU, disse que existe “um histórico de uso desproporcional e desnecessário” da forca policial no Rio de Janeiro.
O porta-voz se mostrou preocupado ainda com a falta de preservação da cena do crime e apontou que isso afeta o entendimento de como as mortes aconteceram. Durante entrevista coletiva na Suíça, Colville destacou que o uso da força deve ser feita apenas quando necessária pelas autoridades brasileiras.
Para ele “a força letal deve ser usada como último recuso e apenas em casos em que já há ameaça iminente a vida ou de um sério perigo”
Nos Estados Unidos, o caso também repercutiu e foi destaque na edição impressa do New York Times desta sexta-feira (07). O porta-voz do Departamento disse estar “acompanhando o caso de perto, bem como relatos de execuções extrajudiciais cometidas por policiais". A instituição ainda apresentou "condolências aos familiares dos que perderam a vida, incluindo do oficial André Leonardo de Mello Frias. Reconhecemos que muitas famílias estão sofrendo com as consequências."
Apesar da polícia negar as denúncias de execuções, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro diz o contrário e pediu uma investigação do caso para o Ministério Público.
Em nota, a Oxfam Brasil também repudiou o massacre e afirmou que o caso “é a expressão brutal das desigualdades” e que as investigações devem ser feitas. De maneira autônoma e independente, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Na manhã dessa sexta-feira, a deputada estadual Renata Souza (PSOL) deu entrada em representação no Ministério Público, no Supremo Tribunal Federal e enviou informes para a ONU e OEA sobre as violações do caso. Os documentos contêm vídeos e fotografias com imagens que comprovariam as ações desproporcionais.
O ministro do STF Edson Fachin vai analisar o pedido que aponta que a ação no Jacarezinho descumpre a decisão que proíbe operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia. Essa proibição está em vigor desde agosto do ano passado.