O âncora do BandNews No Meio do Dia e do Jornal da Band, Eduardo Oinegue, discute o cenário de calamidade vivido na reserva indígena do povo Ianomami e questiona a inconsistência entre o que a legislação vigente propõe e o que acontece na prática. Ele explica que a Constituição Federal de 1988 criou um Brasil generoso e feito para todos, mas que o Estado não consegue executar isso.
Oinegue lembra que a política indígena e a demarcação de reservas faz parte de um conjunto de promessas constitucionais de um país incapaz de cumprir o que escreve. No mesmo patamar estão o sistema tributário e o sistema de Justiça, por exemplo, que, na avaliação do jornalista, são disfuncionais. Só que, no caso especifico da política indígena e da demarcação de reservas, a disfuncionalidade está produzindo miséria e mortes. “Como pode demarcar uma reserva e deixar os garompeiros ilegais dentro?”, pergunta.
“Quantos têm direito à saúde como diz a Constituição? E o direito à habitação? O Artigo 5.º é uma maravilha, claro que o objetivo é lutar por isso. Mas, não conseguimos chegar àquilo que a gente escreveu, já que quando a gente escreveu, a gente romantizou”, reflete o jornalista.
Eduardo Oinegue chama atenção para a interpretação generosa do termo “garimpeiro” para designar quem está nas terras indígenas. “Não são garimpeiros. São grupos empresariais criminosos que conseguem ter dinheiro para comprar tratores caríssimos”.
A estimativa é de que existam 20 mil garimpeiros na área indígena, desrespeitando a legislação. O âncora aponta que esse não é um problema novo e que a quantidade de pessoas atuando ilegalmente vem crescendo de forma gradual.
Diante disso, o jornalista questiona a falta de atuação do poder público como um todo e de instituições de proteção aos povos originários.
Para ele, o Estado produz uma “fantasia brasileira” e não garante as condições mínimas para que a reserva funcione como deveria, produzindo diretamente pobreza, morte e exposição de uma parcela da sociedade ao crime.