Novo presidente do IBGE critica Congresso e nível atual de juros no Brasil

Márcio Pochmann foi anunciado nesta semana pelo presidente Lula em meio a mal-estar com a ministra do Planejamento, Simone Tebet

BandNews FM

Márcio Pochmann, futuro presidente do IBGE
Agência Senado

O futuro presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o economista Márcio Pochmann, defendeu neste sábado (29) rever a autonomia do Banco Central e a privatização da Eletrobras, dois pontos defendidos como prioritários pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Pochmann foi escolhido pelo presidente Lula para assumir o comando do instituto, que vinha sendo liderado de forma interina pelo também economista Cimar Azeredo.

Márcio Pochmann deu as declarações em uma live do grupo de advogados Prerrogativas. O economista afirmou que o Banco Central é uma “caixa preta” e toma decisões políticas. O futuro presidente do IBGE defendeu um “debate sério” no Senado sobre a autonomia do BC. Ele considera que o Congresso tomou decisões erradas no passado, lista na qual incluiu a reforma trabalhista, aprovada em 2017.

“Dizia-se que, se reduzissem direitos, o emprego cresceria. Valeria a pena agora um debate no Congresso: ‘Olha, nós tentamos fazer aqui, reduzir, mas não melhorou. Então podemos voltar atrás'”, afirmou Pochmann.

O economista também criticou o nível da taxa básica de juros, atualmente em 12,75% ao ano. O presidente Lula criticou reiteradamente e de forma pública o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por não acelerar o corte de juros diante de indicadores econômicos favoráveis no Brasil e sinais de que a inflação está controlada.

“Não há justificativa teórica [para a manutenção da Selic nos atuais 12,75% ao ano], a não ser uma espécie de postura até mesmo política que faz questionar até que ponto a direção do Banco Central, especialmente o seu presidente, estão associados ao que aconteceu nas eleições de 2018”, disse Pochmann.

O anúncio de Márcio Pochmann para a presidência do IBGE causou mal-estar no governo, em especial com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. O instituto está sob o guarda-chuva do ministério. Ela considera que deveria ter sido consultada sobre a escolha. Conversando com a imprensa, Tebet afirmou que “não conhecia” Pochmann e que vai se reunir com ele e com o presidente Lula na próxima semana e vai tratá-lo como “técnico”.

A data da posse do novo presidente do IBGE ainda não está definida. Antes de assumir o instituto, Pochmann era presidente do Instituto Lula e, entre 2007 e 2012, foi o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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