UOL - O melhor conteúdo

Novo estudo retrata a infância e a adolescência no Brasil

Publicação da Fundação Abrinq analisa diversos indicadores sociais, trazendo uma visão crítica para embasar políticas públicas voltadas à proteção e ao bem-estar de crianças e adolescentes

Novo estudo retrata a infância e a adolescência no Brasil
Fundação Abrinq é responsável por estudo que faz um raio-x da infância e da adolescência no país
Reprodução

A Fundação Abrinq lança a edição de 2025 do Cenário da Infância e Adolescência no Brasil, um estudo realizado anualmente que utiliza os dados mais recentes do Censo Demográfico e outras fontes oficiais. A publicação investiga indicadores sociais relevantes, como pobreza, desnutrição, educação e trabalho infantil, oferecendo uma visão crítica e essencial para o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas a esse público.

“Esta nova edição revela desafios que demandam respostas rápidas e integradas. As informações apresentadas no Cenário são essenciais para direcionar ações que assegurem os direitos e melhorem as condições de vida das crianças e dos adolescentes no Brasil”, reforça Victor Graça, superintendente da Fundação Abrinq.

POBREZA 

Em 2023, mais de 26% da população brasileira (57 milhões de pessoas) estava em situação de pobreza, com uma renda mensal per capita inferior a meio salário-mínimo (R$ 651,00). Dentre essas pessoas, 9,2% viviam em extrema pobreza, com menos de um quarto do salário-mínimo (R$ 325,50) por mês. Mas esse impacto é ainda mais severo entre crianças e adolescentes. 

A publicação revela que, no país, 46,5% das crianças com até 6 anos, ou seja, ainda na primeira infância, vivem em situação de pobreza (9,4 milhões de crianças), percentual que sobe para 53,3% na Região Norte. Já a pobreza extrema atinge 16,7% das crianças de até 6 anos (3,3 milhões de crianças), evidenciando uma realidade desafiadora.

DESNUTRIÇÃO E INSEGURANÇA ALIMENTAR

A fome e a má nutrição continuam sendo uma realidade preocupante no Brasil. Em 2023, a taxa de desnutrição entre crianças de até 5 anos, considerando a relação peso/idade, foi de 3,8% no país. A Região Norte apresentou o maior índice, com 4,7%, seguida pelo Nordeste (4,1%), Centro-Oeste (3,8%) e Sudeste (3,6%), enquanto o Sul registrou a menor taxa, com 2,8%.

No mesmo ano, o Brasil registrou quase 280 mil crianças com até 5 anos com peso abaixo ou muito abaixo do ideal para a idade. Além disso, o país contabilizou quase 859 mil crianças com altura abaixo ou muito abaixo da esperada para a idade e 422 mil com peso elevado, evidenciando diferentes desafios nutricionais entre as regiões.

Ademais, 200 crianças com até 4 anos faleceram por desnutrição proteico-calórica em 2023. O Norte e o Nordeste registraram os maiores números, com 82 e 58 óbitos, respectivamente. No total, 4.262 mortes por desnutrição foram contabilizadas no país ao longo daquele ano.

A situação também se reflete na falta de acesso à alimentação escolar. De acordo com o estudo, em 2023, 879 escolas públicas não ofereciam merenda escolar, afetando a nutrição de milhares de estudantes que dependem desse suporte para uma alimentação adequada.

MORTALIDADE INFANTIL

Desde 2020, a proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer (menos de 2.500 gramas) tem apresentado elevações constantes, atingindo o pico da série histórica em 2022 e 2023, quando chegou a 9,5% no país. As maiores taxas foram observadas no Sudeste (10,3%) e no Nordeste (9,8%), enquanto o Norte registrou o menor percentual (8,7%).

O baixo peso ao nascer não apenas reflete possíveis quadros de desnutrição neonatal, mas também pode estar associado a privações nutricionais maternas ao longo da gestação e à falta ou inadequação do acompanhamento pré-natal. Esse quadro preocupa, pois representa um dos principais fatores de risco para o óbito neonatal, reforçando a importância de políticas públicas voltadas à saúde materno-infantil.

A mortalidade infantil (óbitos de crianças com até 1 ano) permaneceu em patamares elevados nos últimos anos. Em 2023, a taxa foi de 12,6 mortes a cada mil nascidos vivos, o segundo maior valor desde 2015. Já a mortalidade na infância (óbitos de crianças com até 5 anos) alcançou 15 mortes por mil nascidos vivos, o maior índice registrado nos últimos nove anos. Esses números refletem desafios persistentes na garantia de condições de sobrevivência durante a primeira infância.

O relatório completo está disponível gratuitamente no site da Fundação Abrinq e serve como uma ferramenta essencial para gestores públicos, organizações da sociedade civil e cidadãos engajados na luta pela garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes no Brasil.

Tópicos relacionados

Aceitar cookies

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.

Aceitar