“Ninguém vai dar golpe com o general da reserva e meia dúzia de oficiais”, afirma Bolsonaro

Áudios de militares recuperados pela Polícia Federal evidenciam elaboração do plano

BandNews FM

“Ninguém vai dar golpe com o general da reserva e meia dúzia de oficiais”, afirma Bolsonaro
Jair Bolsonaro em entrevista coletiva, em Brasília
Reprodução/ Instagram de Jair Bolsonaro

A Polícia Federal afirma que os áudios de militares, divulgados nesta segunda-feira (25), evidenciam a articulação para uma tentativa de golpe em 2022, após as eleições. O plano previa também o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alcmin e do ministro Alexandre de Moraes. O general da reserva Mário Fernandes indica ao ajudante de ordens do então presidente, o tenente-coronel Mauro Cid, que conversou com Bolsonaro sobre o plano de golpe. Fernandes diz que mandou uma mensagem ao chefe direto dele, o general Luiz Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência da República.

No áudio, ele afirma que no dia 15/12/2022 o comandante do Exército iria ao Palácio da Alvorada para sinalizar a Bolsonaro que ele poderia dar a ordem para o golpe. “Se o senhor está com o presidente agora e ouvir a tempo, blinda ele contra qualquer desestímulo”, afirma Mário Fernandes.

Cid disse em grupos de mensagens que o golpe precisaria ser desferido até 12/12/2022, dia da diplomação de Lula, ou antes. Em outro áudio divulgado, ele também mostra que os militares tinham alguma ascendência sobre a movimentação de caminhoneiros em Brasília.

O coronel Reginaldo Vieira de Abreu foi explícito ao afirmar no grupo que todos deveriam ignorar a Constituição Federal. Ele justificou a necessidade de um golpe de Estado pois os adversários “estariam vencendo. ” O coronel também informou que as tratativas em relação ao golpe de Estado precisariam ser tomadas por um grupo pequeno de pessoas, pois na reunião apareceram pessoas que segundo ele são "acima da linha da ética”. Ele citou o ex-ministro da economia, Paulo Guedes, envolvidos no Tribunal de Contas da União e na Advocacia-Geral da União. O militar diz que as conversas devem envolver somente a “rataria" e o ex-presidente.

Nesta segunda (25), ao desembarcar em Brasília vindo de Alagoas, o ex-presidente Jair Bolsonaro pela primeira vez deu uma entrevista sobre as acusações de envolvimento na tentativa de golpe. Ele classificou como "absurda" a tentativa de atribuir a ele participação no plano e declarou ainda que 'ninguém vai dar golpe com o general da reserva e mais meia dúzia de oficiais'.

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