O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta terça-feira (22), do primeiro dia de atividades da Cúpula do Brics, em Joanesburgo, na África do Sul e defendeu novos membros no bloco e a adoção de uma moeda comum aos integrantes.
Além do presidente brasileiro, também compareceram os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou de forma remota.
Lula esteve em um encontro com representantes do Congresso Nacional Africano, onde ele defendeu a intensificação da relação comercial entre o mercado brasileiro e dos países da África.
Na agenda também constavam compromissos com o Conselho Empresarial do bloco, além do jantar de boas-vindas aos líderes do Brics.
Durante a tradicional live “Conversa Com o Presidente”, sempre realizada às terças-feiras, Lula disse ser favorável à entrada de outros países no Brics. Segundo ele, o bloco não pode ser um “clube fechado”, mas é necessário que os novos membros tenham um certo ”grau de compromisso”.
O presidente brasileiro destacou a possibilidade de entrada da Argentina no grupo. "É muito importante a Argentina estar nos Brics. O Brasil não pode fazer política de desenvolvimento industrial sem lembrar que a Argentina tem que crescer junto", afirmou.
Lula falou ainda sobre a necessidade de fortalecer o Banco do Brics para garantir melhores financiamentos ao bloco.
O governo brasileiro estuda a possibilidade de usar o yuan, a moeda oficial chinesa, em transações feitas com a Argentina para auxiliar o país durante a crise econômica. O presidente brasileiro defendeu a necessidade de encontrar opções alternativas ao dólar no mercado internacional. O presidente tem defendido a criação de uma moeda sul-americana para servir de base no comércio na região, sem que o Brasil abandone o real.
"Tem país como a Argentina que não pode comprar dólar agora, está em uma situação muito difícil porque não tem dólar. Para vender para o Brasil, não deveria precisar de dólar. Vamos trocar nossas moedas, e os Bancos Centrais fazem os acertos no final do mês. Ou Brasil e China, ou Brasil e Índia", declarou.
Celso Amorim: “Mundo não pode mais ser visto como ditado pelo G7”
O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, que compõe a comitiva brasileira na Cúpula do Brics, disse que o evento consolida o bloco como uma nova força mundial.
Em declaração antes da reunião do presidente Lula com líderes do Congresso Nacional Africano, Amorim afirmou que o mundo não pode mais ser visto como ditado pelo G7.
Ele destacou ainda que a possibilidade de expansão do Brics deixa claro como o interesse de novos possíveis membros demonstra as mudanças na geopolítica.