Mulheres negras são o grupo menos beneficiado por avanços sociais, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado nesta terça-feira (28). Maioria no país, elas são mais de 60 milhões, 28,5% dos brasileiros, e correspondem, também, à maior porcentagem de brasileiros em idade ativa; 48,3 milhões, ou 28,4% do total.
No entanto, esse é o grupo que fica mais longe dos ganhos em desenvolvimento humano no país. Segundo o PNUD, as mulheres negras dispõem de 16% do total de rendimentos versus 24,1% dos homens negros, 24,7% das mulheres brancas e 35,1% dos rendimentos totais absorvidos pelo conjunto dos homens brancos. Além disso, os domicílios brasileiros "de responsabilidade das mulheres negras, que representam 27,4% dos domicílios, abrigam, proporcionalmente, mais pessoas (29,5%) e crianças (34,7%), se comparado com os demais grupos".
Com as desigualdades no mercado de trabalho e as responsabilidades que carregam dentro de casa, as violações se manifestam na esfera pública e na privada. Ainda de acordo com o relatório, "de forma marcadamente desproporcional à sua participação na população ou na força de trabalho brasileira, apenas 10,7% do total da renda recebida pela oferta de trabalho no país é destinado às mulheres negras", que são diariamente expostas à baixa longevidade, à menor possibilidade de estudo e à falta de renda.
Essa condição desfavorável também afeta os dependentes, tornando-os suscetíveis a menor frequência escolar, menos anos de estudo e participação precoce no mercado de trabalho ou, ainda, ao trabalho infantil. Segundo o PNUD, os 60% mais pobres da população brasileira dependem, em grande parte, das condições de trabalho e vida das mulheres negras.