A audiência pública no Senado que discutiu a proibição à assistolia fetal nesta segunda-feira (17) foi marcada pela performance de uma contadora de histórias que reproduziu "falas" de um feto durante o aborto.
Nyedja Gennari interpretou um texto de cinco minutos a convite do senador Eduardo Girão (NOVO-CE), autor do requerimento do encontro.
"Não! Não acredito! Essa injeção, essa agulha! Quero continuar vivo. Vai doer muito. Por Deus, eu imploro!", dizia trecho do texto.
O método interrompe os batimentos cardíacos do feto em idade gestacional acima de 20 semanas antes da retirada do útero. O processo legal está previsto para abortos em casos de estupro, e é recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
A encenação foi encerrada com aplausos no Senado. "Essa história, embora trágica, dolorosa, é um chamado para reflexão, para que todos compreendam a seriedade e as consequências do aborto", finalizou.
Outros parlamentares também fizerem simulações de abortos, com bonecos de plástico. O debate não contou com a presença de opositores da discussão sobre as restrições para a assistolia.
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina que proibia a realização da assistolia após 22 semanas foi derrubada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes a pedido do PSOL, em maio.