Mudança no Facebook tem objetivo de escapar de responsabilidade, diz especialista

Meta, que controla a rede social, anunciou que deixará de realizar checagem de fatos

Da Redação

A decisão da Meta, que controla o Facebook, WhatsApp e Instagram, de extinguir o programa de checagem de fatos teve ampla repercussão em todo mundo. De um lado, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, disse que a ação tem o fim de ampliar a “liberdade de expressão”. Já analistas dizem que ela pode promover um aumento da desinformação e do cometimento de crimes das redes sociais.

Em entrevista ao Entre Nós na BandNews FM e BandNews TV, o especialista em tecnologia Arthur Igreja disse que a medida tem fins econômicos e também políticos. Por um lado, a empresa deixa de gastar com moderação de conteúdo. Por outro, permite que a companhia fuja da responsabilidade por tudo aquilo que seus usuários publicam.

“Me parece que essa mudança está 100% a essa mudança de contexto político. Nos últimos anos, o Zuckerberg falou que estava contratando dezenas de milhares de pessoas para tentara intervir nessa moderação. As mudanças devem ser de uma maior leniência [com conteúdos]. As redes sociais sempre almejaram isso: ficar neutras para não terem aumento de gastos e não terem responsabilidade”, frisou.

Igreja relembrou que a Meta passou a investir em moderação de conteúdo após o escândalo da Cambridge Analitica, no qual dados de usuários foram vazados para influenciar a campanha de 2016 nos EUA.

Agora, com a volta de Donald Trump ao poder, Zuckerberg decidiu trocar a checagem de fatos por “notas da comunidade”, um recurso no qual os próprios usuários pode deixar comentários e correções em postagens. 

“Avança essa tese de que as empresas de tecnologia se tornam autorreguladas. No final das contas, são elas que estão escolhendo quais pautas devem ter uma intervenção maior ou menor. Mesmo que elas sejam extremamente graves e importantes, a plataforma se afasta e fala: ‘as pessoas vão escolher se é uma pauta relevante ou não’. Por isso esse mecanismo extremamente frágil das notas da comunidade”, enfatizou Igreja.

Neste cenário, os donos de redes sociais devem ganhar ainda mais força, sendo que são eles que controlam os algoritmos.

“O algoritmo é construído para agradar. Quando a pessoa acha que estava consumindo a verdade, na realidade ela está olhando para um espelho. As redes sociais são, em última instância, um lago de narcisismo”, ressaltou o especialista. 

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