O governo Lula tenta ainda entender as motivações para o assassinato do candidato Fernando Villavicencio, que concorreria à presidência do Equador e que foi assassinado nesta quarta (9). O caso gerou preocupação no Brasil, o maior país da América Latina. O presidente Lula tem pretensão de ser um líder do continente.
O crime ocorreu em um momento em que o governo brasileiro olhava com cuidado para toda a América Latina, especialmente para a situação do Chile, onde a extrema-direita alinhada aos valores do ex-presidente Jair Bolsonaro tem avançado nas pesquisas eleitorais, ao mesmo tempo em que a esquerda tem perdido espaço.
Segundo a colunista da BandNews FM Mônica Bergamo, o Equador vivia um processo eleitoral razoavelmente tranquilo antes do assassinato.
As pesquisas indicavam que as urnas levariam de volta ao poder um antigo aliado de Lula, o ex-presidente Rafael Corrêa, que lançou a candidata Luiza González, do partido de esquerda Revolução Cidadã. Ela estava com 26,6% das intenções de voto, com dez pontos de vantagem sobre Villavicencio, até então o segundo colocado.
Agora, entra em um cenário de turbulência e incertezas, em momento em que a Argentina, que vai realizar eleições primárias no próximo domingo (13), também passa por dificuldades. O país vive a comoção pelo assassinato, que gerou grande repercussão na sociedade, de uma criança de 11 anos em uma cidade vizinha a Buenos Aires. Ela foi vítima de bandidos em uma realidade de aumento de violência na Argentina, embora a segurança seja um problema muito menor do que no Brasil.
A colunista da BandNews FM lembra que uma pesquisa recente apontou que a inflação (55%) é apontada como a maior preocupação da população, seguida pela violência.
O candidato que tem a simpatia do presidente Lula o ministro da Economia, Sergio Massa, tem se mantido bem nas pesquisas. Porém, a direita está próxima nas pesquisas, e a extrema-direita bolsonarista, representada pelo ultraliberal Javier Milei, se mantém competitiva.
No Chile, o governo Gabriel Boric enfrenta também aumento de violência, problemas econômicos e denúncias de malversação de recursos públicos por parte de ministros. O presidente já teve um atrito público com o presidente Lula e vê o crescimento do oponente, Jose Antonio Kast, o "Bolsonaro do Chile", nas pesquisas eleitorais.
Na Colômbia, Gustavo Petro também enfrenta denúncias, com protestos recentes contra o governo dele.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil acompanha os desdobramentos do assassinato do candidato equatoriano. A facção criminosa Los Lobos reivindica o ataque, mas o governo local não conseguiu comprovar que o grupo é mesmo responsável pelo crime. Em nota, o Itamaraty chamou o episódio de um "deplorável ato" e afirmou confiar que os responsáveis "serão identificados e levados à Justiça".