Milton Ribeiro diz ter recebido ligação de Bolsonaro citando investigações

Possível interferência nas investigações será apurada

Rádio BandNews FM

Senado deve pedir abertura de inquérito contra Bolsonaro por obstrução de justiça no caso  Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Senado deve pedir abertura de inquérito contra Bolsonaro por obstrução de justiça no caso
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, será a relatora do processo que vai apurar as possíveis interferências na operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília e que determinou a prisão do ex-ministro, atendeu ao pedido feito pelo Ministério Público Federal, que apresentou conversas telefônicas indicando um possível vazamento das apurações do caso.

A conversa foi gravada em 9 de junho, um dia depois de Bolsonaro ter viajado para o Estados Unidos para a Cúpula das Américas. Nela, o ex-ministro diz à filha que o presidente da República tinha um "pressentimento" sobre o andamento das investigações.

Por causa do episódio, o Partido dos Trabalhadores entrou com um requerimento de convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para ele explicar o caso no plenário da Câmara.

A bancada do PSOL anunciou também que vai apresentar um pedido semelhante, além de pedir que o ministro seja ouvido pelas comissões de Constituição e Justiça, de Educação e de Fiscalização e Controle. Já o senador Randolfe Rodrigues afirmou que vai pedir que o Supremo abra um inquérito contra o presidente.

Por causa dessas suspeitas, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal confirmou que vai acompanhar as investigações sobre o caso.

Em nota, o advogado de defesa de Milton Ribeiro, Daniel Bialski, afirmou que recebeu com surpresa a decisão do processo ser levado para o Supremo Tribunal Federal, e que, se o áudio mencionado no processo for de uma autoridade foro privilegiado, não haveria competência do juiz de primeiro grau.