A ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, será a relatora do processo que vai apurar as possíveis interferências na operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília e que determinou a prisão do ex-ministro, atendeu ao pedido feito pelo Ministério Público Federal, que apresentou conversas telefônicas indicando um possível vazamento das apurações do caso.
A conversa foi gravada em 9 de junho, um dia depois de Bolsonaro ter viajado para o Estados Unidos para a Cúpula das Américas. Nela, o ex-ministro diz à filha que o presidente da República tinha um "pressentimento" sobre o andamento das investigações.
Por causa do episódio, o Partido dos Trabalhadores entrou com um requerimento de convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para ele explicar o caso no plenário da Câmara.
A bancada do PSOL anunciou também que vai apresentar um pedido semelhante, além de pedir que o ministro seja ouvido pelas comissões de Constituição e Justiça, de Educação e de Fiscalização e Controle. Já o senador Randolfe Rodrigues afirmou que vai pedir que o Supremo abra um inquérito contra o presidente.
Por causa dessas suspeitas, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal confirmou que vai acompanhar as investigações sobre o caso.
Em nota, o advogado de defesa de Milton Ribeiro, Daniel Bialski, afirmou que recebeu com surpresa a decisão do processo ser levado para o Supremo Tribunal Federal, e que, se o áudio mencionado no processo for de uma autoridade foro privilegiado, não haveria competência do juiz de primeiro grau.