Com cenário indefinido e polarizado, especialista ouvidos pela BandNews FM apontam similaridades entre o segundo turno na Argentina e as eleições do ano passado no Brasil. Uma delas, o questionamento sem provas do sistema eleitoral.

 A campanha do candidato de ultradireita argentino Javier Milei apresentou uma denúncia e acusou sem provas a principal força de segurança do país de alterar "o conteúdo das urnas e a documentação" em benefício de Sergio Massa, candidato do governo peronista que venceu no primeiro turno — contrariando o resultado das primárias e da maioria das pesquisas, que apontavam Milei na liderança.  

 A alegação surgiu nesta quinta-feira (16), faltando quatro dias para o segundo turno, e é mais ação impetrada pelo partido que ajuda a semear dúvidas sobre o pleito no domingo (19).

 Apesar dos ataques de Milei ao governo brasileiro, especialistas ouvidos pela BandNews FM acreditam que, na prática, o resultado das eleições dos hermanos não deve mudar as relações comerciais entre os dois países, tratativas que estão acima de posições políticas pessoais.

 A opinião é compartilhada pelo professor da pós-graduação em Integração da América Latina da USP e doutor em Sociologia Wagner Iglecias, que afirma que são muitos os interesses envolvidos na manutenção das relações. Mesmo com uma vitória de Milei, posições mais radicais arriscariam o próprio desenvolvimento da Argentina, que já luta contra índices altíssimos e históricos de inflação, acrescentou o professor.

O pesquisador político-eleitoral Mauricio Moura, especialista pela Universidade de Chicago, afirma que o mercado se divide sobre como seria o cenário em caso de uma vitória de Javier Milei. Já um triunfo do governista Sérgio Massa é visto como um processo de continuidade das relações entre Brasil e Argentina.

 Pesquisas de intenção de voto colocam Milei ligeiramente na frente ou apontam que os dois estão tecnicamente empatados.