Menopausa: mulheres vivem fase natural do envelhecimento com desafios do tabu e do preconceito

18 de outubro celebra o dia mundial da menopausa

Isabela Mota

30 milhões de brasileiras vivem hoje a menopausa, elas correspondem a 14% da população do país. A expectativa da Organização Mundial da Saúde é que em 2030 esse número chegue a um bilhão no patamar global.

A menopausa é um processo natural na vida das mulheres e marca a última menstruação, que ocorre quando os ovários envelhecem e deixam de produzir os principais hormônios. Esses hormônios que deixam de fazer parte do organismo impactam na saúde física, mental e sexual, já que há uma alteração química no corpo e no cérebro.

Em média, isso ocorre entre os 48 e 52 anos. A idade exata depende também de fatores genéticos, mas, em alguns casos o processo pode ocorrer de forma precoce, como explica a ginecologista Joele Lerípio:

A menopausa precoce, antes dos 40 anos, acontece por motivos genéticos, por radioterapia, quimioterapia, ou por cirugias que retiram os ovários - o que gera uma menopausa cirúrgica

MENOPAUSA CIRÚRGICA

A menopausa cirúrgica foi o caso da designer de acessórios Cleide da Silva. Aos 37 anos ela teve um aborto espontâneo de gêmeos, realizou curetagem para retirar os fetos e teve uma infecção generalizada.

Eu tive que retirar útero, trompas, ovários e já saí do centro cirúrgico na menopausa, com zero produção de hormônio

O impacto no corpo e na mente foi grande. Ela tentou acesso à informação e tratamento pelo SUS, mas não conseguiu. Cleide teve depressão, parou de produzir os acessórios que vende por bloqueio criativo e divorciou. Mas o efeito na autoestima foi um dos mais difíceis de lidar:

A gente se sente menos mulher. Qual relacionamento você vai conseguir manter com um ano sem conseguir ter relação sexual por sentir muita dor? Meu primeiro casamento, que era com o pai dos gêmeos que eu perdi, não suportou. A gente separou e pra eu me relacionar com outra pessoa foi muito difícil.

A fisioterapeuta pélvica Ana Flávia Penante detalha que o efeito sentido pela Cleide na vida sexual é explicado pela queda dos hormônios e também por mudanças na musculatura:

Durante a menopausa, a produção de estrogênio e testosterona diminui, o que pode levar a uma redução da libido e da lubrificação e elasticidade vaginal. Isso pode causar desconforto ou dor durante a relação sexual. Além disso, a menopausa pode trazer outras mudanças físicas e emocionais que afetam a vida sexual, como a atrofia genital, fraqueza dos músculos do assoalho pélvico e dificuldade de chegar ao orgasmo. Por isso, há a necessidade de fazer acompanhamento médico, quando necessário a reposição hormonal e terapias complementares para manter uma vida sexual satisfatória.

FISIOTERAPIA PÉLVICA

A fisioterapia pélvica é uma das opções de tratamento para quem está com efeitos da menopausa na saúde sexual e na musculatura da região. A Ana Flávia Penante ressalta os benefícios:

A fisioterapia pélvica é extremamente benéfica no climatério e na menopausa. Pois, após uma avaliação específica dos músculos íntimos, onde iremos propor o fortalecimento dos MAP ( músculos do assoalho pélvico), para melhorar a circulação sanguínea na região, há aumento da elasticidade e redução de dor. Esses benefícios irão contribuir para uma vida sexual satisfatória. Além de tratar e previnir incontinência urinária. No entanto, a fisioterapia pélvica não é indicada para todas as mulheres na menopausa. É mais recomendada para aquelas que estão enfrentando sintomas específicos, como por exemplo: dor na região pélvica, desconforto durante a relação sexual, incontinência urinária, constipação, ou perda da libido. Se você estiver experimentando algum desses sintomas, pode ser um bom momento para procurar uma profissional especializada.

RELAÇÃO FAMILIAR

A dificuldade no relacionamento familiar durante o período da menopausa é comprovada por pesquisas. Um levantamento da Plenapausa, apontou que esse costuma ser o ambiente mais hostil, como explica a fundadora da instituição Márcia Cunha.

Fizemos uma pesquisa no ano passado para entender onde essas mulheres se sentiam mais acolhidas para falar sobre as mudanças que estavam vivendo - tanto no corpo, físico, quanto mental -. E o resultado foi que 60% dessas mulheres consideraram o ambiente familiar o local mais hostil, onde esses sintomas, como irritabilidade e cansaço, eram apontados como negativos

TRATAMENTO

Atualmente, a comunidade médica entende que não há reversão para menopausa, mas os sintomas podem ser tratados de forma integral.

Com atividade física, terapias, alimentação e reposição hormonal.

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