A Polícia Militar do Rio de Janeiro afasta o comandante do Batalhão da Ilha do Governador, na Zona Norte na cidade, após a morte de Eloá Passos, menina de cinco anos, na manhã deste sábado (12).

Segundo a corporação, a medida acontece para dar maior lisura e transparência à apuração dos fatos. No entanto, a PM ainda não anunciou quem vai ocupar a função do tenente-coronel Fábio Batista Cardoso.

O governador Cláudio Castro ainda não se manifestou sobre o caso.

Eloá Passos morreu baleada no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Familiares acusam a Polícia Militar.  Ela estava brincando dentro de casa quando foi atingida por uma bala perdida. A criança foi levada para uma unidade de saúde na região, mas não resistiu.

Familiares da vítima prestaram depoimento na tarde deste sábado. A mãe de Eloá, Ana Cláudia, disse que os policiais efetuaram o disparo que atingiu a criança, que estava brincando na cama no momento da morte.

Um outro jovem de 17 anos também morreu durante uma abordagem policial na comunidade. Wendell Eduardo de Almeida foi alvejado após resistir a uma abordagem policial na Rua Paranapuã. Segundo a Polícia Militar, ele estava na garupa de uma moto e não parou quando solicitado pela equipe policial. Houve troca de tiros e, segundo a corporação, o adolescente estava com uma arma. Ele já chegou morto no Hospital Municipal Evandro Freire.

O condutor da moto foi levado à delegacia para prestar depoimento. Os dois não tinham passagens pela Polícia. Após a ação, moradores fecharam uma rua que dá acesso à comunidade. Neste momento, segundo moradores, agentes atiraram para o alto. Após o episódio, alguns moradores chegaram a colocar fogo em pelo menos dois ônibus na região.

Neste sábado, a corporação disse que não havia ação na comunidade no momento em que a criança foi atingida.

A corporação instaurou um procedimento para esclarecer o caso e a Delegacia de Homicídios da Capital também investiga as mortes.

Na semana passada um adolescente de 13 anos morreu na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, durante uma operação da PM.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, com a morte de Eloá, subiu para 16 o número de crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio em 2023. Sete vítimas morreram, seis por bala perdida.

Nos últimos sete anos, 602 crianças e adolescentes foram baleados no Grande Rio, ainda de acordo com o instituto. Em média, a cada quatro dias uma criança ou adolescente é baleado na Região Metropolitana.