A comentarista de economia Juliana Rosa analisou a troca na presidência da Petrobras anunciada pelo governo Lula na noite desta terça-feira e falou sobre os diferentes perfis do demitido Jean Paul Prates e da indicada para o cargo, Magda Chambriard. Em participação na Rádio BandNews FM, a analista destacou que o futuro comando da estatal gera dúvidas no mercado financeiro.
"Existe um debate que a Magda está ligada a essa defesa mais ideológica, de defesa de conteúdo nacional. A Magda também tem essa origem de esquerda, diferente do Prates, e também o que eu estou ouvindo agora é que tem uma dúvida muito grande em relação a como é que vai se dar o papel da Petrobras, tanto na política de preços, de combustíveis, quanto no papel de ceder à pressão política", disse.
Juliana acredita que Prates e Magda tem perfis muito diferentes, tanto na trajetória, como na visão de gestão. "O presidente da Petrobras, agora demitido, é o que o pessoal chama no mercado de uma pessoa do PT convertida. Ele é um grande especialista, ele é advogado e inclusive participou dos primeiros leilões, inclusive de redução do monopólio da Petrobras. Ele não é PT raiz, como se fala", disse.
Prates começou a 'balançar no cargo' após atritos ocorridos em março, quando o conselho da empresa decidiu não pagar os dividendos extraordinários aos acionistas, enquanto ele votou pela distribuição de pelo menos metade dos lucros. Por outro lado, o governo, que é o acionista principal da Petrobras, queria segurar essa verba para garantir investimentos.
"Ele (Prates) é uma pessoa que tentava se equilibrar entre os interesses do governo do PT e também os interesses do mercado. Ele não queria queimar o filme dele no mercado porque ele não queria passar uma mensagem de que seria o responsável por uma piora do balanço da Petrobras", disse Juliana. "É uma pessoa que era considerada responsável no meio do caminho. Já a Magda foi diretora da Agência Nacional do Petróleo durante o governo Dilma, ela é engenheira da Petrobras e ela tem um perfil bem PT raiz, diferente do Prates".
Segundo Juliana, além da visão diferente que os dois têm no mercado, a representividade política entre Magda e Prates também são opostas. "A Magda não tem força política. O Prates é uma pessoa com uma figura de poder político, a Magda não tem poder político e vai estar ali representando os interesses do governo Lula. Ela não tem nenhuma independência como tem o Prates, que tem uma história e um nome a zelar no setor do petróleo", afirmou.