A colunista da BandNews FM Mônica Bergamo informou nesta sexta-feira (31), em participação na Rádio BandNews FM, os bastidores do governo na decisão de entrar no debate sobre a saída temporária de presos que estão no regime semiaberto. A jornalista afirma que a "bomba" caiu no colo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teve influência direta de Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, em embate conta outra ala do PT, encabeçada pelos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais.
"É aquela coisa, você é obrigado a atuar. O presidente Lula não foi o autor desse projeto, não foi o governo, não foi a base governista, foi o bolsonarismo. O projeto foi aprovado pelo Congresso e foi para o presidente sancionar ou vetar. O Lula tem que fazer alguma coisa", disse Bergamo, que detalhou como foi o debate nos bastidores e os posicionamentos no aconselhamento a Lula.
"Dentro do governo houve uma guerra, porque uma parte dos ministros, como o Rui Costa e o Padilha, falavam: 'não adianta você vetar porque o Congresso depois vai derrubar e vai passar como uma derrota sua. Deixa passar, já que não temos força pra derrubar'. E o ministro Ricardo Lewandowski foi ao Lula e disse: 'não dá para entregar assim, não dá para não disputar, não dá para a gente não honrar as posições históricas que sempre tivemos por uma racionalização no trato com os presos, por uma lei que permita que os presos se ressocializem. Então você vai abrir mão e fazer uma coisa pior que a ditadura militar'. Então foi essa a grande discussão", explicou.
Segundo Mônica Bergamo, o presidente teve que tomar uma decisão em que teria prejuízos de qualquer forma. "O Lula estava quieto ali no canto e e cai essa bomba no colo dele. Ele tinha que fazer uma coisa que era ruim e uma coisa que era péssima. Sancionar era péssimo, vetar era ruim. O que ele faz? Ele não podia simplesmente fingir que não estava lá o projeto. Ele tem a obrigação de decidir, assim como o Supremo, que não vai poder fingir que não está vendo, vai ter que decidir".
Na última terça-feira, o Congresso decidiu derrubar o veto de Lula sobre o projeto que acabava com a 'saidinha' de presos durante feriados. Na Câmara, o placar foi de 314 a 126, com duas abstenções; no Senado, a oposição venceu por 52 a 11, com uma abstenção.