O presidente Lula cobrou nesta quarta-feira (25) a finalização de um acordo do Mercosul com a União Europeia. A declaração ocorre enquanto o governo do Uruguai negocia uma parceria econômica com a China.
O brasileiro, que participa de encontro com representantes latino-americanos no Uruguai, demonstrou abertura aos movimentos direção a novos caminhos no Mercosul, segundo avaliação é do Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM.
Em entrevista à Band, o especialista analisou o discurso de Lula após a reunião com o mandatário uruguaio, Luis Lacalle Pou. No encontro, foi discutido um possível acordo de livre comércio com a China, que vem sendo negociado há pelo menos dois anos.
A mudança é polêmica já que o Mercosul tem como uma das suas principais regras a adoção de uma tarifa externa comum, uma espécie de imposto único a ser cobrado nos países do grupo, ainda que haja normas prevendo exceções. Outra regra considerada essencial do Mercosul é a que impediria os países-membros a firmarem acordos comerciais de forma isolada.
Nos últimos anos, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Brasil evitou criticar publicamente a postura uruguaia. Em novembro do ano passado, porém, em uma nota conjunta, Brasil, Paraguai e Argentina anunciaram que tomariam as medidas jurídicas cabíveis caso o acordo avançasse.
Com a mudança de gestão neste ano, a diplomacia brasileira começou a enviar novos sinais de que o acordo não seria bem-vindo. Para o professor Leonardo Trevisan, a postura adotada por Lula demonstra abertura às negociações, apesar de apresentar contrapartidas, como o foco em acordo com a Europa.
O especialista explica ainda que um acordo entre China e Uruguai sem envolver o Brasil seria negativo para o nosso país. Na prática, produtos chineses poderiam entrar no Uruguai pagando taxas de importação menores que as praticadas dentro do Mercosul, o que poderia prejudicar o funcionamento do bloco.
O presidente uruguaio confirmou que haverá criação de um grupo técnico para discutir o impasse com o Mercosul.