Lira negocia votação da PL das Fake News, mas enfrenta resistência ao projeto

Projeto de Lei deveria ser votado nesta terça-feira (02) na Câmara dos Deputados; plataformas digitais, opositores e bancadas conservadores resistem ao texto

BandNews FM

Lira negocia votação da PL das Fake News, mas enfrenta resistência ao projeto
Lira negocia votação da PL das Fake News, mas enfrenta resistência por projeto
Foto: Agência Brasil

Uma reunião entre os líderes partidários da Câmara dos Deputados vai decidir na manhã desta terça-feira (2) o rito de tramitação do projeto de lei das Fake News. A proposta tinha previsão de ser votada ainda já no retorno do feriado do Dia do Trabalhador, mas agora há uma indefinição.

A tramitação tinha sido pré-acordada entre as bancadas na semana passada. Críticas ao projeto nas redes sociais, no entanto, levaram a oposição a reavaliar o projeto.

Depois de reformular o texto, o relator matéria, o deputado federal Orlando Silva, do PCdoB, ainda acredita na viabilidade da votação.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), esteve no Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, antes do encontro previsto com os deputados.

Entre os principais pontos, o projeto prevê que quem divulgar informações falsas na internet, além de ser multado, poderá ser condenado. Além disso, estabelece que as redes sociais paguem pelo conteúdo jornalístico utilizado, sem que o custo seja repassado ao usuário.

As plataformas digitais também deverão divulgar relatórios de transparência sobre a moderação dos conteúdos.

Um levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que perfis de direita têm usado as redes sociais para associar o projeto à censura.

Segundo o estudo, as chamadas Big Techs, grandes empresas de tecnologia, vão na mesma linha - o Google passou a fazer campanha aberta contra o PL e o Twitter estaria deslogando conta de pessoas favoráveis ao projeto.

Na página inicial do Google, um texto diz: "O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil". Clicando nele, o usuário é levado para uma página com um artigo contra o projeto.

Na segunda-feira (01), o Ministério Público Federal expediu um ofício questionando o Google sobre um possível favorecimento a conteúdos contrários à proposta. A ação cita um estudo feito pela NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No dia 29 de abril, por exemplo, ao utilizar o termo "PL 2630" para uma pesquisa no Google, a plataforma retornou com um conteúdo patrocinado da própria empresa com o título "Conheça o PL da Censura".

Para os pesquisadores, os dados podem indicar que "o Google vem usando os resultados de busca para influenciar negativamente a percepção dos usuários sobre o projeto de lei".

O MPF também expediu um ofício para a Meta, dona do Facebook e do Instagram, sobre anúncios contratados pelo Google envolvendo o PL das Fakes News.

Segundo os estudiosos, três anúncios foram veiculados em plataformas da Meta, entre 20 e 26 de abril, afirmando que o projeto não estaria pronto para ser votado.

Outro anúncio compartilhado entre 26 e 27 de abril, segundo a NetLab, pedia para que as pessoas procurassem os deputados para pedir melhorias no texto do projeto de lei.

Procurado, o Google negou que tenha ampliado o alcance de páginas com conteúdo contrário ao PL em sua ferramenta de busca e disse que, nas últimas semanas, se manifestou de "forma pública e transparente" por meio de seu blog.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, divulgou na segunda-feira (01), em seu perfil das redes sociais, que vai acionar a Secretaria Nacional do Consumidor para investigar possíveis “práticas abusivas” realizadas pelo Google e pelo Facebook.

O PL 2630 teve o pedido de urgência aprovado pela Casa na semana passada e pode ser votado diretamente no plenário, sem precisar passar por comissões.