A proposta de grupos separatistas ucranianos de realizar referendos para a anexação de territórios pela Rússia repercutiu negativamente durante a Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova Iorque, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (20).
A votação deve ocorrer entre os dias 23 e 27 de setembro e valerá para definir o futuro das regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhya. Logo após o anúncio, o governo da Rússia apoiou a ação.
"Desde o início da operação dissemos que os povos dos territórios deveriam decidir por si mesmos sobre seus destinos, e a situação atual confirma que eles querem ser os senhores de seus próprios destinos", afirmou o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov.
A proposta sobre os referendos ocorre em meio a avanços do exército ucraniano, que tem conseguido retomar alguns territórios no sul e no leste do país.
A mesma medida foi adotada pelo Kremlin em 2014, quando da anexação da Península da Crimeia, ex-território da Ucrânia. Na oportunidade, um referendo de apoio à separação foi aprovado por 97% dos votantes.
Apesar da movimentação dos grupos favoráveis ao governo da Rússia, o Ocidente já deixou claro que não reconhecerá o resultado das novas consultas.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que “os russos podem fazer o que quiserem. Não vai mudar nada”.
Em discurso durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente da França, Emmanuel Macron, criticou o anúncio do referendo. "Acho que o que a Rússia anunciou é uma farsa. A única coisa que existe é a guerra decidida pela Rússia, a resistência da Ucrânia e o fim da guerra que queremos", disse ele.
Já o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que o referendo é uma violação das leis internacionais. "Está muito, muito claro que esse referendo encenado não será aceito, uma vez que não é coberto pelas leis internacionais ou pelo entendimento atingido pela comunidade internacional".
O secretário-geral da OTAN também se pronunciou. Jens Stoltenberg alertou que “os referendos falsos não têm legitimidade e não mudam a natureza da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Esta é mais uma escalada na guerra de Putin. A comunidade internacional deve condenar esta flagrante violação do direito internacional e intensificar o apoio à Ucrânia”.