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"Le Pen desenhou essa vitória", diz especialista sobre eleições na França

Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, considera difícil a concretização dos planos da esquerda e do centro de se unirem para conter a ascensão da extrema-direita

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A extrema-direita ficou mais próxima de chegar ao poder na França. Ontem, o partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen, obteve 33% dos votos para o parlamento. O bloco formado por legendas de esquerda, por sua vez, ficou em segundo lugar com 28%, e a coalizão de centro, liderada pelo presidente Emmanuel Macron, em terceiro, com 20% dos votos.

A equipe de reportagem da BandNews FM entrevistou o professor Leonardo Trevisan, de Relações Internacionais da ESPM, que analisou o cenário político na França. Para o especialista, trata-se de um resultado que o partido de Marine Le Pen construiu ao longo dos últimos anos e as atuais dificuldades enfrentadas pelos franceses, no campo econômico, ajudam a explicar a ascensão da extrema-direita.

"A Marine Le Pen vinha desenhando esse resultado há algum tempo. Desde a mudança que ela fez, a partir de 2017, quando anunciava o plano político do partido. Quando a gente olha o contexto francês, a gente entende melhor o porque subiram tanto. A crise econômica foi muito forte na França, há uma situação de bastante pressão inflacionária a partir da guerra da Ucrânia. Motivo: preço da energia, gás e petróleo", declarou.

Ainda de acordo com Leonardo Trevisan, os partidos de esquerda e centro devem formar uma aliança para enfrentar a extrema-direita. No entanto, o especialista entende que a ideia parece factível, mas que dificilmente se concretizará.

"Cada distrito, só escolhe seu deputado por uma indicação maior do que 50% dos votos. Ou ter segundo turno. Aquele que tiver na segunda posição e mais todos os outros que tiverem mais de 12,5% dos votos. É ai e está a aliança. Os candidatos do Macron, se estiverem na frente, os candidatos da esquerda vão sair da disputa, abrindo espaço para fortalecer esse candidato contra Marine Le Pen. Se for a esquerda que estiver na frente, ai é o candidato do Macron que sai para abrir espaço", explicou.

O segundo turno na França acontecerá no próximo domingo (7) e irá definir o futuro político do país. Se, ao final da eleição, a Reunião Nacional obtiver o maior número de cadeiras no Parlamento, o presidente Emmanuel Macron deverá nomear Jordan Bardella, de 28 anos de idade, como novo primeiro-ministro da França.

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