
A Justiça brasileira recebeu cerca de 25 fósseis de insetos extraídos ilegalmente da Chapada do Araripe, um importante sítio paleontológico localizado no Ceará. Os exemplares estavam sendo vendidos no exterior quando o crime foi descoberto, após uma pesquisadora identificar os fósseis anunciados em sites especializados na comercialização de rochas, plantas e animais fossilizados.
A região de origem dos fósseis abriga exemplares valiosos do período Cretáceo — entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás. As 25 placas de rocha calcária, pertencentes à formação Crato e com idade estimada em 120 milhões de anos, foram analisadas e tiveram sua origem confirmada.
A Bacia do Araripe, que se estende pelos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, é considerada a maior reserva fossilífera do país. Nela já foram encontrados fósseis importantes, como o dinossauro com penas Ubirajara jubatus e a serpente com patas Tetrapodophis amplectus.
O material confiscado está, atualmente, na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e será encaminhado ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri (CE), vinculado à Universidade Regional do Cariri (Urca). Os fósseis passarão por estudos e deverão ser expostos ao público no museu ou integrados ao acervo científico da instituição.
A comercialização de fósseis no Brasil é proibida por um decreto-lei de 1942. No entanto, as autoridades ainda enfrentam dificuldades para coibir o tráfico dessas peças para o exterior, uma prática recorrente desde a década de 1960. A coleta de fósseis só é permitida mediante licença expedida por órgãos competentes e deve ter como destino instituições de pesquisa.