A colunista de economia da BandNews FM Juliana Rosa afirmou que, mais importante que a manutenção da taxa básica de juros em 10,50%, o fato mais relevante do anúncio feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última quarta-feira (19) foi ela ter sido tomada de forma unânime.
“O placar foi mais importante do que a decisão, que já era esperada, e ajudou a baixar o dólar no ponto de vista de é conseguir recuperar a parte daquela credibilidade que tinha sido arranhada”, afirmou a analista.
O anúncio é o primeiro desde uma reunião conturbada do Copom. Em maio, o comitê decidiu por um corte de 0,25% por um placar de 5 a 4, aumentando as especulações de que há um racha entre os membros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por Lula.
Por outro lado, havia a pressão do governo para que a sequência nos cortes continuasse, já que os números de curto prazo da economia brasileira dão sinais positivos.
Segundo Juliana Rosa, a taxa Selic em dois dígitos é um remédio amargo, mas necessário no contexto atual. Segundo ela, há medo com o aumento da inflação e desconfiança no compromisso do governo em controlar os gastos públicos.
“É um juro realmente inviável para se investir, para se consumir, para crescer, mas o Banco Central Manteve os juros porque a previsão de inflação está aumentando. Ele, inclusive, aumentou a previsão de inflação esse ano. Está esperando 4%. Não é uma inflação altíssima, mas a meta é 3%. É aquela coisa, conforme você vai aceitando um pouquinho, mas é a chance de você perder a mão é enorme”, explicou.
Apesar da decisão dura, a analista ressaltou que ela não significa que não veremos novos cortes nos próximos meses.
“Se o governo cortar, o dólar vai começar a ceder, a inflação começa a ficar mais aliviada e a gente pode cortar juro. Lembrando que os EUA vão começar a cortar juros, essa é a expectativa. Isso é um fato importante. Em algum momento isso vai ajudar a baixar o dólar”, disse Juliana Rosa.