Jeanine Áñez é condenada a 10 anos de prisão por golpe de Estado

Ex-presidente interina foi sentenciada por orquestrar movimento contra o antecessor Evo Morales, em 2019

BandNews FM

Jeanine Añez autodeclarou-se presidente do país em 2019
Reuters/Carlos Garcia Rawlins

A condenação da ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, a dez anos de prisão não é um atestado de que as práticas cometidas por Evo Morales antes da tentativa de golpe sejam chanceladas.

A avaliação é do Professor de Relações Internacionais e pesquisador da USP, Pedro Costa Júnior.

Em entrevista à BandNews FM ele disse que é preciso separar as coisas e que, apesar do "fla x flu" nas redes sociais envolvendo o caso, aqui, não se trata de um duelo de narrativas e, sim, de fatos consumados, investigados e julgados pela justiça boliviana.

A cronologia da crise na Bolívia começa com a tentativa de manobra de Evo Morales para tentar ficar no poder por um quarto mandato.

Diante de protestos populares e de uma enorme pressão das forças armadas do país, ele acabou renunciando.

Jeanine Añez autodeclarou-se presidente do país, em 2019, e passou a reprimir a oposição de movimentos sociais e camponeses ligados a Morales.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos constatou que nos primeiros meses do governo dela houve, ao menos, 35 mortes em manifestações. Para Pedro Costa Júnior, a condenação é branda e chega tarde.

Importante lembrar que essa condenação, por conspiração, está relacionada a atos cometidos por Jeanine Añez enquanto ela ainda era senadora.

Ela, que está presa há 15 meses, ainda responde a outros dois processos, um por genocídio e outro por sedição e terrorismo. Também foram condenados a 10 anos de prisão o ex-comandante das Forças Armadas William Kalimán e o ex-chefe de polícia Yuri Calderón, ambos foragidos.

A defesa da ex-presidente diz que vai recorrer a órgãos internacionais para tentar reverter a decisão e alega que Jeanine Añez é uma presa política. 

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