O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, negou na noite desta quinta-feira (5) que a CIA tenha enviado recados contra o discurso do presidente Jair Bolsonaro que questiona o sistema eleitoral brasileiro. Mais cedo, reportagem da agência de notícias Reuters, citando fontes do alto escalão americano, afirmou que em julho de 2021, William Burns, diretor da Agência de Inteligência dos Estados Unidos, teria pedido a integrantes do governo brasileiro para que as urnas eletrônicas não fossem questionados.
Na ocasião, o presidente Bolsonaro fazia uma cruzada pelo voto impresso, derrubado no Congresso, e colocava em dúvida a legitimidade do processo eleitoral brasileiro. Burns visitou o país e esteve no Palácio do Planalto em reuniões bilaterais naquela que foi a visita do mais alto cargo do governo americano ao país desde que Joe Biden assumiu a Casa Branca.
O presidente Bolsonaro era próximo de Donald Trump e demorou a reconhecer a vitória de Biden, o que distanciou o Brasil dos Estados Unidos.
Heleno participou de umas transmissão na internet com Bolsonaro. O presidente classificou a notícia como “fake news” e passou a palavra para o general da reserva e aliado de primeira hora. O ministro então disse: “Lógico que nas conversas sobre a área de inteligência que nós tivemos, que foram produtivas e muito interessantes, essa conversa sobre eleições jamais aconteceu. Então, essa foi uma notícia falsa”.
Em nota, o GSI afirmou que não recebe e nem repassa avisos de governos estrangeiros ao presidente. “Os assuntos tratados, em reuniões, na área de inteligência, são sigilosos. O GSI não recebe recados de nenhum país do mundo, nem os transmite”, pontua o Gabinete.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado americano, similar ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil, não negou e nem confirmou a informação da Reuters. Mas Ned Price pontual que os americanos têm confiança no sistema eleitoral brasileiro.
Price disse que não comentaria temas discutidos em audiências reservadas, mas declarou ter confiança nas instituições brasileiras. “Temos muita confiança nas instituições democráticas do Brasil. O Brasil tem um forte histórico de eleições livres e justas com transparência e altos níveis de participação eleitoral”, afirmou o porta-voz.