Nessa sexta-feira (24) a Guerra na Ucrânia completa um ano e o embate é responsável por uma série de mudanças na geopolítica mundial.
Para o professor de Relações Internacionais da ESPM Sul Roberto Uebel, o embate entrou em um estado de normalização, ou seja, os bombardeios e as animosidades podem ter momentos mais - ou menos - intensos, mas a possibilidade de um acordo de paz é distante.
Isso ocorre porque nenhum lado está disposto a ceder. A Rússia quer reconhecimento das regiões ocupadas durante o conflito: Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia. Mas Kiev não abre mão dos territórios.
É uma briga externa, mas que reverbera na política interna de Moscou, segundo o professor da USP Vicente Ferraro. Ele avalia que as disputas militares são uma ferramenta de Vladimir Putin para garantir a manutenção do poder.
A professora de Relações Internacionais da Belas Artes Marcela Franzoni destaca o papel do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Ela explica que o político, que era visto como uma peça instável na política externa, soube conduzir acordos e alianças para resistir à guerra.
Para ela, outro ponto chave é o papel da China no embate. O país optou por manter neutralidade no conflito, apesar de ser um aliado dos russos. A decisão acabou gerando uma certa dependência econômica, já que agora, devido às sanções impostas a Moscou, grande parte das transações são feitas com a potência asiática.
Marcela pontua ainda que essa movimentação permite que a China caminhe para uma ascensão como o grande “rival” dos Estados Unidos. Essa já foi uma posição ocupada pela Rússia durante a Guerra Fria e os internacionalistas acreditam que o conflito com a Ucrânia também seria uma manobra para retomar esse espaço.
Enquanto uns ganham força, outros têm o papel questionado. É o caso do Conselho de Segurança da ONU, formado por Inglaterra, França, China, Rússia e Estados Unidos.
O grupo é responsável por tomar as decisões militares e decidir quando intervir.
A falta de consenso entre os membros abre margem para reformas, como defende o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Grande Dourados Matheus Hernandez. Ele acredita que a inação do órgão corrobora para os pedidos de mudança no sistema.
O governo brasileiro é a favor da alteração e reconhece que a guerra constitui uma agressão ao território ucraniano.
O correspondente da Band em Genebra, Jamil Chade, destaca que a posição é estratégica, pois o Brasil mostra ao Ocidente que não apoia a guerra, mas não se compromete em enviar auxílio à Ucrânia.
Acompanhe a reportagem de Isabela Mota: