Golpe do reconhecimento facial: mulher perde R$ 25 mil em meia hora

Falso entregador pediu uma fotografia da vítima para “validar” a entrega; minutos depois, compras em série foram feitas pelo Pix

Elaine Freires

Uma ouvinte da BandNews FM denuncia um novo golpe na praça. Ela foi vítima do “golpe do reconhecimento facial” e perdeu R$ 25 mil em compras que não autorizou. 

Os golpistas se disfarçam de entregadores e dizem que precisam fazer o reconhecimento facial da cliente após a entrega. Com os dados da conta bancária da vítima, o golpista consegue fazer compras e transferências por meio do PIX. 

O caso aconteceu na última segunda-feira (16/10), em São Paulo. 

Acostumada a fazer compras pela internet, a moradora do Campo Belo, na zona sul da capital paulista, nem desconfiou quando o falso entregador da transportadora Loggi se identificou com um pacote para entrega.  

“Ele estava uniformizado, com uma moto nova. Não tinha como eu suspeitar. O entregador então comentou que depois de muitos golpes, a transportadora começou a tirar uma foto da entrega, foi quando eu olhei para o celular dele e ele fez a foto”, detalha a vítima, que prefere não se identificar. 

A mulher esperava por um medicamento importado e não desconfiou do procedimento exigido pelo suposto entregador, já que o produto seria de alto valor. O golpe só foi percebido ao desembalar o embrulho:  

“Quando eu abri o pacote em casa, não tinha nada. Eu logo percebi que era um golpe e liguei no banco. Foi quando percebi que já tinha movimentação na conta. O atendente me disse que tinham dois celulares cadastrados no aplicativo da conta: um era o meu e o outro, do golpista”, relata a ouvinte. 

Em menos de meia hora, foram R$ 25 mil em compras por meio do PIX e transferências bancárias. Todas foram confirmadas por reconhecimento facial.  

Além das compras efetuadas, outras foram recusadas após o bloqueio, o que faria o prejuízo ser ainda maior. 

O advogado especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos Francisco Gomes Júnior afirma que já existem formas de burlar o sistema de reconhecimento facial. 

“Para esse golpe, é preciso que o golpista já tenha o número da conta da pessoa. Você coloca o número da conta e da agência, e o aplicativo vai pedir o reconhecimento facial. Mas existem softwares que já permitem fazer o reconhecimento facial através de uma foto. Por isso, é tão importante ter a validação dupla nos aplicativos”, explica o advogado. 

O especialista conta que com a foto da vítima, foi possível quebrar a proteção por reconhecimento facial. Já em posse dos dados bancários da mulher, o estelionatário conseguiu acesso a conta e realizou as operações. 

Após a vítima registrar um boletim de ocorrência, o caso é investigado pela Polícia Civil. 

Os dados bancários são analisados pelo Santander, que tem 10 dias para dar uma resposta sobre o caso, já que a cliente alega que utiliza pouco a conta e a liberação de R$ 25 mil em um intervalo de apenas meia hora deveria ter sido detectada pelo banco. 

Em nota, a instituição alega ter mecanismos de proteção para segurança do aplicativo e faz campanhas de conscientização sobre golpes.  

A transportadora Loggi ressaltou que não solicita quaisquer informações pessoais dos clientes, seja por meio de senhas pessoais ou reconhecimento facial. 

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