O Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, acata a um pedido feito pela defesa do ex-ministro José Dirceu e extende a ele a decisão da 2ª Turma do STF, que considerou o juiz Sergio Moro suspeito para julgar o presidente Lula. Na prática, as condenações contra Dirceu na Lava Jato estão anuladas e os direitos políticos do petista reestabelecidos.
Na decisão, Mendes voltou a criticar a atuação do que ele chama de "República de Curitiba", que seria uma "confraria" formada por Moro e os procuradores que atuavam na operação e "encaravam a condenação de Dirceu como um objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Lula".
O ministro também faz questão de dizer que a denúncia oferecida contra Dirceu foi um ensaio para aquela que seria apresentada contra Lula e que a anulação das condenações, nesse caso, aplica-se apenas ao petista e não a outros condenados na Lava Jato.
"A conclusão, portanto, se assenta no caso particular do requerente,diante dos indícios de que a acusação contra José Dirceu era um ensaio da denúncia que seria oferecida contra o atual Presidente. Afinal, aoantecipar detalhes da denúncia que seria oferecida contra Luiz Inácio Lula da Silva, em mensagem dirigida ao ex-Juiz Sérgio Moro, Deltan Dallagnol se referiu especificamente ao ora requerente. Além disso, o nome do requerente é mencionado setenta e duas vezes na denúncia oferecida contra Luiz Inácio Lula da Silva. São situações específicas que legitimam efeitos extensivos apenas para o requerente, e não para os outros acusados na Lava Jato", disse.
Em nota, o ex-ministro José Dirceu disse ter recebido a decisão "com tranquilidade", que sempre confiou na Justiça e reafirmou que os processos contra ele tinham o objetivo de atingir o presidente Lula.