O gelo que cobre o Ártico pode desaparecer completamente, segundo uma pesquisa divulgada pela revista científica Nature Communications.
O estudo, baseado em dados de satélites da NASA do período entre 1979 e 2019, prevê que, entre 2030 e 2050, será registrado o primeiro setembro sem gelo na região da história. O mês é quando o degelo atinge o pico máximo anual no Ártico, graças ao calor proveniente do verão boreal.
No entanto, a extensão da calota polar vem diminuindo sistematicamente, a uma taxa de 12,6% a cada década desde 1980.
Ainda de acordo com a pesquisa, se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas, até 2100 a região do Ártico ficará completamente sem gelo por quase meio ano, entre maio e outubro.
As consequências para o planeta seriam dramáticas. Os especialistas envolvidos no estudo afirmam que o derretimento do gelo não levaria ao aumento do nível do mar. Ao contrário do gelo terrestre acumulado na Groenlândia ou na Antártida, o gelo do Ártico já está na água.
Mas tantos meses sem gelo irão acelerar as mudanças climáticas: o Polo Norte se transformaria em um espelho gigante que reflete grande parte da radiação solar, resfriando a região. E como estará descongelado, o mar absorveria mais energia do sol.
Isso significa que o derretimento do gelo causado pelo aquecimento global potencializaria o próprio aquecimento global.
O cenário também resultaria no desaparecimento de mamíferos marinhos que precisam de uma quantidade mínima de gelo para se reproduzir e descansar, como focas e elefantes marinhos, ou para caçar, como raposas árticas e ursos.
Os efeitos do degelo na região já são visíveis. Hoje, as passagens que ligam o Oceano Atlântico ao Pacífico pelo norte do Canadá, e através do extremo norte da Rússia já recebem inclusive navios turísticas durante todo o ano. Essas rotas, até o início do século, eram consideradas inavegáveis, exceto nos meses mais quentes.
O único ponto que permanece sempre congelado é o Mar de Wandel, que se conecta ao norte da Groenlândia. No entanto, de acordo com a pesquisa, embarcações devem conseguir chegar até esta região e ao centro do Polo Norte em poucos anos.