O nadador Bruno Fratus falou com exclusividade à Rádio BandNews FM sobre a decisão de ficar fora da Olimpíada de Paris. O atleta, que mora e treina nos Estados Unidos, passou recentemente por uma cirurgia no joelho e anunciou sua desistência nesta semana, após vinda ao Brasil para definir sua posição junto ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) e seus patrocinadores.
"Decisão difícil que a gente teve que tomar nessas últimas semanas, mas era algo que precisava ser feito agora. Às vezes, alguns outros aspectos da vida precisam ser priorizados e, por enquanto, tinha que deixar a performance dentro da piscina de lado", disse Fratus, que contou como a notícia foi recebida no meio esportivo e entre seus patrocinadores.
"Rola um pouco de uma catastrofização quando você está ali sob efeito de ansiedade. Só que eu tenho recebido apoio, eu tenho recebido compreensão. Eu até falei pra minha diretora de natação lá do Pinheiros que a forma que ela me acolheu quando ela recebeu a notícia, ela foi uma mãe. Isso me dá a oportunidade de ver que essa mudança de cultura está estabelecida nas organizações, no meio corporativo, de que o ser humano vem antes da performance, de que a prioridade é você estar bem, é você estar feliz e você estar saudável e disposto a continuar do que ficar tentando espremer performance a qualquer custo e que, às vezes, o custo é muito alto".
Fratus explicou que a pausa nos planos olímpicos é necessária para cuidar do ser humano e deixar o atleta um pouco de lado. "O atleta, ele é condicionado desde muito cedo a ser resiliente. A dor ela fez parte, a lesão, a cirurgia, a reabilitação, tudo isso faz parte do universo do atleta olímpico. Só que a partir do momento que a dor ela é constante, ela é interminável, ela começa a afetar o seu prazer de estar praticando esporte, começa a afetar o seu relacionamento com outras pessoas, sua vida familiar. Aí é acende uma luzinha amarela de que está realmente na hora de dar um passinho pra trás e cuidar do ser humano, da pessoa por trás do atleta".
Medalhista de bronze nos 50m livre na Olimpíada de Tóquio 2020 e com quatro medalhas em Mundiais (três pratas e um bronze), Fratus evitou falar de planos sobre o futuro, tanto quanto a uma nova participação em Jogos Olímpicos, quanto à aposentadoria. Aos 34 anos, a única certeza é a pausa para um descanso. "Eu tô numa posição agora e num dilema, que se eu falar que com certeza eu estarei em Los Angeles (2028), eu não respeito o tempo que eu estou precisando, porque a cabeça do atleta ela volta a todo vapor. Se eu vou pra ir pra uma Olimpíada, tenho que ir pra brigar, não é ir pra passear".
"Só que, se eu falo que não (planos de ir para a Olimpíada de 2028), eu abafo a paixão que eu tenho pela competição, eu começo a colocar de lado o meu amor pelo esporte e a vontade que eu ainda tenho de estar lá. Então eu acho que enquanto existe a vontade, tem a possibilidade. Só que agora está na hora de realmente parar e levantar o pino da panela de pressão e descansar", afirmou Fratus.