Fórum BandNews FM: “Educação é ponto de partida para equidade de gênero”

Evento reuniu convidados para discutir diversificação e inclusão

Rádio BandNews FM

Sheila Magalhães e Carla Bigatto receberam cinco convidadas.  Foto: Reprodução
Sheila Magalhães e Carla Bigatto receberam cinco convidadas.
Foto: Reprodução

A BandNews FM realizou nesta sexta-feira (27) o “Fórum BandNews FM Diversificar e Incluir”. A primeira mesa do evento, realizado em comemoração aos 17 anos da rádio, discutiu a equidade de gênero.

Sheila Magalhães e Carla Bigatto comandaram a conversa. As convidadas foram: Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora; Michele Ferredi, co-diretora do Instituto Alziras; Cris Arcangeli, empresária, investidora e comunicadora; Maíra Saruê, diretora do Instituto Locomotiva; e Débora Bertini, diretora de incorporações da MPD Engenharia.

Na abertura da conversa, Ana Fontes lembrou que o conceito de empoderamento é confundido com supremacia. A presidente da Rede Mulher Empreendedora destacou que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e que, por isso, a discussão sobre equidade e a luta contra a desigualdade são fundamentais. Ela ainda observou que a representatividade é importante por conta da noção de pertencimento. E que o fato de poder ver outras pessoas ocupando certos espaços da sociedade ajuda na luta contra a desigualdade ainda existente no Brasil.

Na sequência, Michele Ferredi afirmou que as próprias políticas públicas formuladas pelo governo são, normalmente, pensadas para homens brancos. Para a co-diretora do Instituto Alziras, esse é um dos fatores que explica a baixa presença de mulheres em alguns setores da sociedade. Ela usou como exemplo a baixa quantidade de brasileiras na política. E salientou que o fato das mulheres ainda serem as responsáveis pelas tarefas domésticas, que não são remuneradas e nem reconhecidas socialmente, afasta elas de espaços ocupados majoritariamente por homens.

Para Maíra Saruê, a pauta das mulheres ganhou mais relevância nos últimos anos e houve avanços nessa discussão. No entanto, a diretora do Instituto Locomotiva, lembrou que muito ainda precisa ser feito para que a igualdade seja alcançada. Ela destacou que ainda existe uma demanda muito grande dentro da pauta das mulheres. Um dos exemplos é a tarefa de cuidar das crianças pequenas, o que, muitas vezes, impede que mães possam ter o tempo necessário para o mercado de trabalho.

Já Cris Arcangeli observou que um dos grandes desafios neste momento é dar visibilidade para mulheres que vivem em comunidades. Segundo a empresária, investidora e comunicadora, é necessário dar suporte para que essas mulheres possam se desenvolver apesar das condições financeiras. A entrevistada ainda destacou que a pandemia obrigou muitas mulheres a empreenderem, uma vez que perderam seus empregos. E que, por isso, o trabalho de auxiliar essas mulheres a terem meios de alcançar a independência financeira se tronou ainda mais essencial.

Débora Bertini, diretora de incorporações da MPD Engenharia, afirmou que o mercado da construção civil ainda é visto como masculino, tanto nos canteiros de obras quanto nos escritórios. De acordo com ela, o número de trabalhadoras tem aumentado no setor. No entanto, questões como a gravidez interrompem o processo de crescimento profissional das mulheres, uma vez que elas acabam sendo as principais responsáveis por cuidar dos filhos e da família. Débora ainda lembrou que ter uma liderança feminina pode servir de exemplo para que esses obstáculos sejam superados.

Em meio a tantos desafios, Ana Fontes afirmou que a educação é o principal caminho para diminuir a desigualdade entre gêneros. A presidente da Rede Mulher Empreendedora destacou que as crianças precisam aprender desde cedo que não existem caminhos específicos para meninos e meninas. No entanto, para ela, o principal desafio é mudar a mentalidade das pessoas que hoje integram o mercado de trabalho.

Já a co-diretora do Instituto Alziras argumentou que outro desafio é tornar o discurso de igualdade efetivo na prática. Michele Ferredi cobrou uma maior discussão sobre a licença paternidade para que os espaços sejam ocupados por todas as pessoas, independentemente do gênero.