O filho do engenheiro de 63 anos de idade, que recebeu um coração infectado por HIV no início do ano, conversou com a equipe de reportagem da BandNews FM e deu detalhes da recuperação de seu pai.
Segundo o rapaz, também houve um "abandono" por parte do governo federal, na figura o Ministério da Saúde, e do governo estadual, pela Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, nos cuidados após o surgimento da denuncia de que órgãos infectados com HIV foram transplantados, no Rio.
"Abandono. A saúde é dever do Estado, e o Estado deu as costas e não deu nenhum apoio. Ninguém ligou para dar um suporte. Não, eles fizeram o mínimo. Só que a gente não vive num Estado mínimo. O Estado abandonou pessoas que não tiveram culpa nenhuma. Tanto o Ministério quanto a Secretaria de Saúde são terríveis", disse.
Questionado se houve uma procura por parte dos órgãos, o filho relatou que a pasta fluminense procurou o engenheiro em duas oportunidades. A primeira, três dias após a BandNews FM revelar o escândalo dos transplantes com órgãos infectados com HIV.
Início do transplante
A vítima vive no Estado da Bahia e tinha insuficiência cardíaca desde 2011. Em dezembro do ano passado, o homem foi internado em Salvador, capital baiana, para tratamento no coração.
Dias depois, o engenheiro foi transferido para o Hospital Copa D'or, na Zona Sul do Rio, no dia 5 de janeiro. O transplante foi realizado entre os dias 24 e 25 do mesmo mês.
O paciente, que apresentava insuficiência cardíaca, também estava com disfunção renal, mas a equipe médica passou aos familiares que, com o transplante de coração, a situação dos rins também melhoraria.
No início, foi o que aconteceu. A alta médica ocorreu no dia 20 de fevereiro, mas precisou ficar no Rio de Janeiro para receber os acompanhamentos médicos por seis meses.
Primeiros sintomas
No entanto, nos primeiros dias fora da unidade de saúde apareceram os indicativos de que algo não estava certo. Nos primeiros sintomas, houve perda de apetite e perda de peso. A princípio, a equipe médica acreditava ser um princípio de rejeição do órgão.
O filho do engenheiro relatou à equipe de reportagem da BandNews FM que seu pai chegou a perder 10 quilos. Em maio, ele precisou ser internado novamente por conta dos leucócitos - células que protegem o organismo contra infecções - se aproximaram de zerar no organismo.
Os sintomas permaneceram mesmo com o diagnóstico desconhecido. Em 10 de agosto, o homem volta com a família para Salvador, na Bahia, após passar por dois hospitais em solo carioca que não souberam identificar o que acontecia com seu organismo.
Em 26 de agosto, o engenheiro antecipou em um mês uma consulta agendada em Salvador, e recebeu um diagnóstico de HIV positivo de um infectologista, e inicia o tratamento no mesmo mês.
"Ele começou a tomar remédios para HIV. Com esse remédio do HIV, o rim dele piorou. Houve uma piora no quadro renal. Tive uma reunião com os médicos do Copa D'or e eles mudaram a figura. Falaram que mudou o quadro dele e que teríamos que pensar 'lá na frente', em diálise e transplante de rim", detalhou o filho da vítima.
Atualmente, o engenheiro encontra-se em repouso, em sua casa, realizando tratamento psiquiátrico e tomando remédios de HIV. O filho da vítima também contou que seu pai não consegue trabalhar em meio aos tratamentos de saúde e as consequências do transplante com coração infectado.
Novo transplante
Desde o fim do mês de setembro, em que o engenheiro começou o tratamento para o HIV, já houve o alerta aos familiares de que o homem também precisará de um transplante de rim.