Desde fevereiro, Unidades Básicas de Saúde da Capital Paulista sofrem com o desabastecimento do risperidona. O medicamento é um dos mais indicados por profissionais da neurologista ou psiquiatria para pacientes com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo. O objetivo é tratar sintomas de psicose e transtorno bipolar, além de controlar sintomas de agressão e irritabilidade.
Há dois meses, a mãe de um garoto autista de 18 anos, Ana Maria Carmona não consegue o remédio na AMA Vila Oratório, na zona leste. “ O meu filho pede o remédio porque ele já está nessa rotina. E para a gente (mães), precisa do medicamento. Nós não temos a opção de não dar o medicamento. A gente precisa. Não é brincadeira, é necessidade esses medicamentos estarem nas mãos das mães”, diz Ana.
O medo da falta de medicamento preocupa muitas mães que dedicam sua vida aos cuidados dos filhos. A dona de casa Cecília Machado, mãe de um autista de 22 anos, também enfrenta dificuldades para obter o risperidona na UBS Santa Cecília, no centro de São Paulo.
Ela conta que no orçamento da família não há espaço para mais gastos com medicação: “Eu vivo da pensão do meu filho, é por isso que (o medicamento) vem onerando meu orçamento. Então eu gostaria de saber se pelo menos o risperidona eu consigo pelo SUS”. Além das questões financeiras, os prejuízos que a falta da medicação geram são vários e causam preocupações para Cecília. “Ele começa a ter crises, e essas crises são terríveis. Ele se torna agressivo, ele se torna descontrolado. É uma situação que eu gostaria que ninguém assistisse”, ressalta.
A Central de Ouvintes Ricardo Boechat entrou em contato com a Secretaria Municipal da Saúde questionando sobre a falta do medicamento na UBS Santa Cecília e no AMA Vila Oratório. De acordo com a Pasta, a entrega do risperidona foi concluída na última semana e está em processo de distribuição.
Ainda segundo a Prefeitura, o medicamento segue disponível na rede municipal, conforme a logística de abastecimento das unidades de saúde.