A ex-diretora da Americanas Anna Christina Ramos Saicali já está no Brasil. Ela desembarcou no início da manhã desta segunda-feira (1) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Ela foi recebida pela Polícia Federal e entregou o passaporte, conforme acordo feito enquanto ela estava em Portugal. O nome dela chegou a ser incluído na lista vermelha da Interpol.
Na sexta-feira (28), a Justiça Federal substituiu o mandado de prisão preventiva pela medida cautelar que proíbe a executiva de se ausentar do Brasil.
Segundo a Polícia Federal, ela recebia e-mails sobre o esquema criminoso que se instalou na Americanas, além de ter assinado um documento em que eram expostas as informações da fraude.
Ainda de acordo com os investigadores, a executiva teria aumentado o capital social da empresa mediante transferência de seis imóveis que possuía, em valor conjunto de quase R$ 8 milhões, em 2019. Já em janeiro de 2023, Anna teria aumentado novamente o capital em R$ 3 milhões.
Já o ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, alvo da mesma ação da PF, foi colocado em liberdade neste sábado (29), em Madri, na Espanha, após ter sido preso pela Interpol. A informação foi confirmada pela defesa do executivo.
A operação da Polícia Federal realizada na semana passada investiga a maior fraude da história do mercado financeiro do Brasil, estimada em mais de R$ 25 bilhões.
Em nota, a defesa de Miguel negou as acusações e afirmou que ele sempre esteve à disposição dos órgãos interessados nas investigações. Já a defesa de Ana disse que vai cumprir todas as decisões da Justiça.
De acordo com o inquérito policial, Gutierrez demonstrou preocupação em blindar o patrimônio da empresa após deixar o cargo de diretor-presidente da Americanas, com a transferência de valores e imóveis para paraísos fiscais e empresas de familiares. A PF acredita que ele já sabia que haveria um escândalo, com a divulgação da fraude.
Foram encontradas evidências em e-mails e anotações na conta institucional de Gutierrez que revelam a criação de um esquema societário, com diversas remessas de valores a off-shores sediadas em paraísos fiscais. Além disso, ele transferiu imóveis que estavam em seu nome para empresas ligadas a familiares para ocultar o patrimônio.