A vacinação de crianças contra a Covid-19 é a primeira etapa da imunização contra a doença em 2022. A sequência da campanha ainda não foi formalizada pelo Ministério da Saúde. Por enquanto, segundo a mais recente nota técnica, a pasta recomenda a aplicação da dose adicional em todos os maiores de 18 anos e uma segunda dose de reforço em pessoas imunossuprimidas – o que já está sendo feito.
Apesar de não ter batido o martelo, o governo federal deu uma previsão sobre a campanha desse ano em outubro de 2021. A ideia era aplicar mais duas doses na população acima de 60 anos, com intervalo de seis meses; e mais uma dose de reforço para quem tem de 18 a 59 anos. Foi o que explicou, à época, o Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz: "então esse é o cenário discutido, escolhido, para o ano de 2022. E vamos vacinar por faixa etária decrescente".
Apesar de não confirmar esse esquema, divulgado em 2021, o Ministério da Saúde já tem acordos para a chegada de mais vacinas. Por enquanto, o governo federal prevê 120 milhões de doses da AstraZeneca e mais 100 milhões da Pfizer. Além disso, há um saldo de 134 milhões de unidades de contratos firmados no ano passado – totalizando mais de 350 milhões de doses. Fora esse montante, o governo federal também diz que existe a possibilidade de compra de mais 50 milhões da Pfizer e 60 milhões da AstraZeneca.
A médica pneumologista da Fiocruz Margareth Dalcomo explica que uma dose extra de reforço para toda a população, como previsto inicialmente, seria importante em 2022: "a nossa posição é de defender, sem dúvida, que todos nós façamos nesse primeiro semestre de 2022 uma segunda dose de reforço. Essa é uma estratégia correta".
Foram priorizadas pelo Ministério da Saúde as vacinas que já têm registro definitivo na Anvisa, excluindo a CoronaVac e a da Janssen, que possuem o registro para uso emergencial – nesse caso, o uso é autorizado em um público pré-definido e durante um prazo determinado.
O virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro Rômulo Neris avalia que o uso das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca é uma boa estratégia, contanto que haja regularidade na distribuição: "se o suprimento de Pfizer e AstraZeneca conseguir ser distribuído de maneira regular, pode ser que seja o suficiente. A gente sabe hoje em dia que o regime heterólogo, combinação de vacinas de tecnologias diferentes, é capaz de potencializar a proteção gerada pela vacinação".
A variante ômicron do coronavírus, que tem elevado consideravelmente o número de casos de Covid-19 no Brasil, demonstra justamente a importância de se completar o esquema vacinal. Quadros mais graves se concentram entre os não-vacinados, como explica a pneumologista da Fiocruz Margareth Dalcomo: "a minha impressão é que vai haver um colapso no sistema de saúde. Muitos vão se contaminar, mesmo vacinados, mas sem gravidade. Quem está internado, a gente sabe que são casos de não vacinados na maioria das vezes".
Segundo o Ministério da Saúde, as alterações no planejamento da vacinação serão comunicadas através de Nota Técnica emitida pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde.
De São Paulo, Bruno Capozzi