Especialistas discordam da flexibilização das máscaras em SP

Médicos ouvidos pela BandNews FM argumentam que a medida é precipitada

Bruno Capozzi

Nova flexibilização do uso de máscaras em SP
NurseTogether

Médicos infectologistas e epidemiologistas ouvidos pela BandNews FM consideram a flexibilização do uso de máscaras em ambientes fechados no Estado de São Paulo como “precipitada”. Lembrando que existem duas exceções: transporte público e serviços de saúde - nesses espaços, o item ainda deve ser usado. 
 
Para o doutor Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas da USP e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, existe uma melhora clara da pandemia no Brasil. Mas os ambientes fechados facilitam muito a transmissão do coronavírus. 
 
Além disso, o exterior tem exemplos negativos de uma liberação antes da hora: “países como a Inglaterra, que têm uma cobertura vacinal muito parecida com a do Brasil, ao fazer essa liberação, tiveram um aumento do número de casos e internações. E a subvariante da Ômicron demanda cautela. Me parece uma medida inadequada”. 
 
A infectologista do Hospital Emílio Ribas Rosana Richtmann lembra que a imunização de crianças contra a Covid-19 ainda não atingiu o mesmo patamar dos adultos. Enquanto na população elegível a taxa passa de 90%, na faixa de 5 a 11 anos, cerca de 30% recebeu as duas doses. 
 
Na avaliação de Rosana Richtmann, retirar a obrigatoriedade das máscaras em sala de aula traz riscos: “nós temos que fazer campanhas, principalmente em relação aos pais, sobre a importância da vacinação das crianças. Especialmente agora, que estamos retirando esse escudo, que na minha opinião é muito importante. Isso, no mínimo, aumenta o risco de ser exposto ao vírus”. 
 
Entre as justificativas do Comitê Científico do Coronavírus para retirar a obrigatoriedade das máscaras, estão o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a queda das internações. O grupo também levou em consideração que, após 14 dias do feriado de Carnaval, foi constatada uma manutenção da melhora dos indicadores epidemiológicos. 
 
A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo Ethel Maciel faz um contraponto. Ela lembra que as festas de rua não foram realizadas na maioria dos municípios, assim como os desfiles de escolas de samba. 
 
Além disso, Ethel Maciel considera que existem alguns passos antes de flexibilizar ainda mais o uso de máscaras: “é um momento de cautela, a pandemia não acabou. Essa flexibilização para locais fechados é precipitada. A gente precisa seguir com a campanha de vacinação e fazer o reforço nos idosos para nos prepararmos melhor para o outono e inverno no Brasil, tendo uma situação mais tranquila no segundo semestre”. 
 
Na capital paulista, começa nesta sexta-feira (28) a aplicação da quarta dose da vacina contra a Covid-19 em idosos com 80 anos ou mais. O calendário estadual terá início na segunda-feira (21).

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