Especial: Diferenças e perspectivas para o futuro das mulheres

Da Redação

Especial: Diferenças e perspectivas para o futuro das mulheres
Reprodução TV

A Rádio BandNews FM leva ao ar hoje o quinto e último capítulo da série de reportagens sobre os impactos da pandemia entre as mulheres. Nesta semana, falamos sobre o crescimento da violência, da sobrecarga, dos problemas de saúde e da pobreza entre as mulheres. E como tudo isso agrava uma desigualdade que já existia.

Hoje, falamos sobre o aumento dessas diferenças e sobre as perspectivas para o futuro. Vânia é mãe solo de uma menina de 3 anos, vive na periferia de São Paulo e mesmo quando havia o pagamento do auxílio emergencial, ela não conseguiu se enquadrar como chefe de família. Ela recebia apenas as parcelas regulares – primeiro de R$ 600, depois de R$ 300.

Manicure, ainda que pudesse atender, em fases menos agudas da pandemia, Vânia perdeu clientes porque o bolso de todo mundo apertou. No meio do ano passado, 58% das pessoas já deixavam de pagar alguma conta por causa da pandemia.

Foto: Reprodução

A combinação da crise do setor de serviços, que emprega majoritariamente mulheres, e o aumento da necessidade de cuidados com a casa e os filhos deixou mais da metade das brasileiras fora do mercado de trabalho. 

Kátia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, diz que o momento nos traz como obrigação repensar nossa organização social. Inclusive, ela pontua, porque certamente outros vírus e outras crises virão.

Juliana de Faria, diretora de impacto das organizações Think Olga e Think Eva, chama atenção para a longevidade das consequências de uma crise multisetorial. Ela diz que a epidemia de ebola na África trouxe aprendizados importantes que poderiam ser aproveitados agora para evitar o crescimento da desigualdade.

Por lá, a morte de pais, mães e outros provedores, deixou uma geração de meninas que encara o aumento dos casamentos infantis, da prostituição infantil e da gravidez infantil.

Acompanhe a reportagem da Gabriela Mayer:

Mulheres, desemprego e pandemia – como isso agravou a desigualdade de gênero no Brasil

Desde o início da pandemia pelo menos 8,5 milhões de brasileiras ficaram desempregadas, segundo dados do IBGE referentes ao 3º trimestre de 2020. O acúmulo de tarefas domésticas e o aumento das funções de cuidado agravam as desigualdades entre os gêneros e empurram cada vez mais mulheres para a informalidade.

Os impactos financeiros da pandemia na vida das brasileiras é o tema do quarto capítulo da série especial da BandNews FM sobre as consequências da pandemia entre as mulheres. Entre os beneficiários do auxílio emergencial de 2020, 55% eram mulheres.

Marília, como 4 em cada 10 brasileiras, é chefe de família e se enquadrou para receber inicialmente o auxílio de R$ 1.200, que caiu para R$ 600 quando houve a redução do valor das parcelas, em setembro. Os cortes mudaram até a dieta da família da trabalhadora informal.


Foto: Reprodução

A informalidade atinge, principalmente, as mulheres negras – cerca de 47% delas trabalham fora do mercado formal. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe projetava 120 milhões de mulheres em situação de pobreza até o fim de 2020 só na AL por causa da pandemia.

O Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG mostrou que famílias que ganham entre 0 e 2 salários mínimos tendem a ser até 20% mais afetadas pela crise atual do que as classes média e alta. O empobrecimento trazido pela pandemia pode se perpetuar nas próximas gerações e impactar o futuro de quem é criança hoje.

Acompanhe a reportagem da Gabriela Mayer:

Violência contra a mulher cresceu durante a pandemia

Em março de 2020, a ONU alertou: diante da necessidade de isolamento por causa da pandemia do coronavírus, a violência doméstica contra as mulheres cresceria. Foi o que se observou também no Brasil, que registrou 12 denúncias de agressão contra a mulher por hora no ano passado.

72% das queixas nos números Disque 100 e Ligue 180, canais de denúncia gerenciados pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foram referentes à violência doméstica familiar. O crescimento da violência contra as mulheres desde o início da pandemia é o tema do terceiro capítulo da série especial da BandNews FM sobre os impactos do coronavírus na vida das brasileiras.

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Nos primeiros meses da pandemia, os equipamentos de acolhimento às vítimas viu a procura cair drasticamente. A Casa da Mulher Brasileira, em São Paulo, que fazia 1.700 atendimentos por mês, viu a média cair para cerca de 700 em abril de 2020.

Por isso, uma adaptação foi necessária e o apoio de psicólogas e assistentes sociais passou a ser dado também pelo telefone. A coordenadora do núcleo de gênero do Ministério Público de SP, Valéria Scarance, elenca quatro fatores que contribuem para mais violência.

São eles: o isolamento, o controle e fatores ligados a problemas financeiros e consumo de álcool e drogas. A promotora enfatiza, no entanto, que os dois últimos não criam a violência, mas agravam um cenário pré-existente.

Acompanhe a reportagem da Gabriela Mayer:

Mulheres são as mais afetadas pela Covid-19 e as que têm menor acesso à saúde

Mais de 80% dos profissionais de enfermagem contaminados pelo coronavírus são mulheres, que representam também 60% dos óbitos na categoria. Do outro lado, são também elas as que mais passaram a sofrer com as dificuldades de acesso a serviços de saúde e tratamentos.

No segundo capítulo da série de reportagens da BandNews FM sobre os impactos da pandemia entre as mulheres, falamos sobre as consequências do coronavírus para as pacientes e das profissionais da saúde.

A professora do Departamento de Demografia da UFMG Raquel Zanatta Coutinho já estava pesquisando as consequências das crises de saúde pública na saúde das mulheres quando a pandemia chegou. Antes focada no zika vírus, ela mudou de rota.

Parte da coleta de dados já tem resultados preliminares, e mostram o medo de engravidar que passou a acompanhar quase 77% das mulheres. Um estudo brasileiro apontou 3,4 vezes mais mortes maternas relacionadas à Covid-19 no Brasil do que em outros lugares do mundo.

Foto: Reuters

Das mulheres que queriam engravidar em 2020, cerca de 30% adiaram o plano. Mas nem sempre é fácil concretizar o adiamento, já que cresceu a dificuldade de acesso a métodos contraceptivos: houve redução de procedimentos e atendimentos.

Em maio de 2020, o Fundo de Populações das Nações Unidas já previa que mais de 47 milhões de mulheres em todo o mundo podiam ter o acesso a métodos contraceptivos dificultado durante a pandemia de Covid-19. Isso poderia resultar em 7 milhões de gestações não planejadas.

E há mulheres que sofrem duplamente as consequências da crise de saúde pública: por serem, eventualmente, pacientes, e por serem, diariamente, profissionais da saúde. A advogada Gabriela Rondon, diretora da Anis Instituto de Bioética destaca que a vulnerabilidade aumenta diante da falta de condições de trabalho.

Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas mostrou que as mulheres negras são as profissionais de saúde mais afetadas, com maior sensação de despreparo e menor acesso a treinamento e testagem.

Acompanhe a reportagem da Gabriela Mayer:

Acúmulo de atividades e cuidados, como a pandemia afetou a vida das mulheres

A Rádio BandNews FM leva ao ar a partir de hoje uma série de reportagens sobre os impactos da pandemia do coronavírus na vida das mulheres no Brasil. Metade das brasileiras passou a cuidar de alguém: são familiares, amigos e vizinhos que ficaram sem assistência e precisaram de amparo.

Foto: Reprodução

As mulheres, que já acumulavam funções, tiveram que colocar mais tarefas na lista diária desde o início da disseminação do coronavírus. O acúmulo de atividades e a sobrecarga mental são o tema do primeiro capítulo da série, no ar nesta segunda-feira, Dia Internacional da Mulher.

Acompanhe a reportagem da Gabriela Mayer:

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