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Enem não adaptado com Nova Matriz do Ensino Médio prejudica estudantes

Novo ensino médio começou a ser implantado neste ano, mas provas do Exame Nacional do Ensino Médio continuam cobrando matérias e assuntos do antigo currículo, prejudicando os estudantes

Camila Quaresma

Ensino Médio mudou, mas Enem continua o mesmo e os alunos temem ter prejuízos na prova Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Mais de três milhões de estudantes estão inscritos para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio que começa neste domingo (13). A segunda etapa do Enem está marcada para o próximo fim de semana, no dia 20 de novembro. A avaliação é uma das únicas portas de acesso à universidades do país, mas ainda não foi atualizada para seguir a matriz do novo ensino médio que começou a ser implantada neste ano.

O novo currículo estipulado para os alunos dos últimos anos do ensino básico, direciona os jovens para as carreiras que desejam seguir ao escolher um segmento para estudar, por exemplo as ciências humanas ou exatas, e assim se aprofundam nesta área.

Algumas das matérias tradicionais do ensino médio que fogem da área escolhida pelo aluno estão perdendo espaço porque, em razão de incluir esse novo ensino, algumas disciplinas tiveram que ser excluídas ou reduzidas da grade curricular.

Confira a reportagem completa de Camila Quaresma:

Os alunos têm sentindo dificuldade de ajustar o que aprendem na escola e o que vai ser cobrado deles no exame, como é o caso da Maria Eduarda Gonçalves, estudante de uma escola estadual paulista. Ela explica que os professores que dão aulas de matérias que não serão aplicadas no próximo ano estão tendo que adiantar conteúdo e que por isso o aprendizado se torna raso, complicando os estudos para o Enem.

Segundo Lucas Hoogerbrugge, líder de Relações Governamentais do Todos pela Educação, a nova matriz do ensino médio “aponta para a direção certa”, mas pode gerar desigualdades se não aplicado corretamente, como acontece agora. Ele cita que alguns dos principais empecilhos: a autonomia dos estados que podem ajustar a nova matriz conforme suas necessidades, mesmo com a prova sendo nacional; a omissão do Ministério da Educação para organizar e monitorar as regiões e as escolas; a transição brusca que pode ampliar as desigualdades e criar um abismo entre escolas que tem mais e que tem menos facilidade para reorganizar a grade e adaptar o conteúdo; e, por fim, a formação dos professores.

Além da desigualdade regional, há também uma diferença grande entre a aplicação do novo método para escolas públicas e escolas privadas, que começaram a introduzir o ensino de forma lenta e gradual como no colégio da Geovana Almeida Oliveira. A estudante do 3º ano do ensino médio explica que a mudança só começará a acontecer a partir do próximo ano e para alunos do 1º ano do ensino médio, para que o aprendizado dos alunos que já estavam estudando nos moldes antigos não seja prejudicado.

A BandNews FM questionou o MEC sobre a falta de diretrizes nacionais e sobre quando e quais serão as mudanças no Enem. A devolutiva foi curta, sem uma possível solução para o problema: “A Nova Matriz da prova está em processo de validação e ainda pode sofrer ajustes”.