Em recuperação judicial, Oswaldo Cruz não paga professores há 2 meses

Os docentes receberam apenas 50% do salário de setembro

Rádio BandNews FM

Professores e coordenadores da Faculdade Oswaldo Cruz, na Barra Funda, estão há pelo menos 2 meses sem receber salário. Além de atrasos constantes, férias, decimo terceiro e FGTS também não estão sendo depositados.

As inconsistências teriam começado depois que a consultoria em gestão empresarial Corbacho assumiu a instituição, em 2022. Na época, a faculdade entrou em recuperação judicial após acumular dívidas de mais de 60 milhões de reais. Desde então, as dificuldades financeiras vêm aparecendo principalmente no dia a dia dos docentes e alunos.

Eles reclamam da diminuição de materiais para a realização de aulas práticas até falta de papel higiênico nos banheiros.

Recentemente, a própria diretoria pagou pelo vale-transporte dos funcionários da segurança para que o local não ficasse desprotegido. Em uma carta aberta, os professores relataram o furto de equipamentos nos últimos dias 19 e 20.

Diante dos fato, os professores acionaram o  Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP). Para tentar reaver os valores, os sindicalistas deflagraram uma greve no último dia 12, sem previsão de retorno dos funcionários.

A professora de farmacologia Marisa Veiga teme não receber mais os valores. “Em setembro eles [instituição] pagaram uma parte e estão devendo esse restante do salário de outubro. Tivemos muitas demissões, essas pessoas saíram sem qualquer valor de rescisão. Não tínhamos outra saída diante de tudo isso a não ser via sindicato e por isso entramos em greve”, afirmou a docente que trabalha na faculdade há 36 anos.

Uma das afetadas é a Natalia Tomaz, aluna do curso de farmácia e bioquímica que corre o risco de não se formar. “Como alunos, não deixamos de pagar a instituiução, a gente paga todos os meses, temos um compromisso. Agora, há um mês do nosso TCC e colação de grau, não temos as nossas notas, não conseguimos terminas as provas. A gente não consegue contato telefônico, não tem ninguém que nos atenda”, disse a aluna.

Um comunicado enviado aos professores promete a regularização dos pagamentos a partir do leilão de um conjunto de 8 imóveis do Grupo Oswaldo Cruz, avaliado em 104 milhões de reais. As vendas vão servir para pagar credores como prevê um plano de recuperação judicial, evitando a falência da companhia.

O controle da faculdade também é objeto de uma disputa entre o grupo Corbacho, atual gestora, e a empresária Maria Teresa Quirino Simões, filha do fundador da instituição. O grupo familiar alega ter sido enganado num contexto de aquisição fraudulenta, e se movimenta na Justiça com o intuito de anular o contrato firmado para reaver o controle total da empresa.

O julgamento que vai decidir quem ficará no comando do grupo está marcado para o próximo dia 4 de dezembro.

A BandNews FM tenta contato com o Grupo Oswaldo Cruz e com os antigos administradores.

Em nota, o Ministério da Educação informa que não recebeu denúncias a respeito de interrupção de pagamento de salários e verbas trabalhistas de professores. A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, pasta do ministério, deve notificar a faculdade para esclarecimentos a respeito dos fatos reportados.

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