Há sete anos, Filipe Toledo e a família deixaram a cidade de Ubatuba, litoral norte de São Paulo, com destino à Califórnia. O objetivo estava traçado: transformar Filipinho em um campeão mundial de surfe.
Um sonho realizado em nove de setembro de 2022. Após nove temporadas no Championship Tour, a elite do surfe mundial, o garoto de Ubatuba, filho do ex-surfista Ricardinho Toledo, levantou o tão cobiçado troféu da World Surf League.
No segundo ano de disputa sob o atual formato de WSL Finals, o brasileiro teve a vantagem de cair na água com a necessidade de vencer apenas duas baterias. Dito e feito. Na decisão verde e amarela contra Italo Ferreira, enfrentou um adversário guerreiro, que havia deixado pelo caminho o japonês Kanoa Igarashi e os australianos Ethan Ewing e Jack Robinson.
Descansado, Filipe Toledo acelerou desde o início nas duas baterias e imprimiu pressão para cima do campeão mundial em 2019 e campeão olímpico em Tóquio.
Após bater na trave em outras quatro temporadas, especialmente em 2021, quando foi derrotado por Gabriel Medina no WSL Finals, era hora de colocar o nome na galeria de campeões.
Na disputa na Califórnia, Filipinho se sentiu em casa. Na praia de Trestles, próxima a San Clemente, o brasileiro contou com o apoio em massa da família.
“Para mim, isso é o principal. Ver o brilho nos olhos deles já valeu todo o esforço, trabalho e dedicação. Foi incrível. Meu pai foi surfista profissional, ficou muito próximo de se classificar quando competia, sempre sonhou com isso, se dedicou a vida toda, viajou comigo durante sete anos. E ver o brilho no olho dele não teve preço”, destacou o campeão mundial.
Ao longo de toda a temporada regular, Filipe foi o mais consistente. Em dez etapas, chegou a cinco finais, venceu duas delas e garantiu antecipadamente a lycra amarela, camisa utilizada pelo líder do ranking mundial.
“Era o que eu tava planejando, ter consistência, resultados bons, fazer finais, ganhar eventos, eu sabia que isso já daria minha vaga no top 5. Eu estava muito preparado, focado e determinado para poder ganhar. Sabia que seria difícil. Gostei que foi contra o Italo, em uma final 100% brasileira, foi incrível.”
E após o primeiro título mundial, Filipinho garante que o foco em 2023 é buscar o bicampeonato, além de garantir uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2024.
“Ainda estou digerindo o que aconteceu, mas o foco é esse. Incomodar a galera de novo, quem sabe brigar por mais um título e consequentemente já ganhar a vaga para a Olimpíada, trazer mais uma medalha de ouro para o Brasil.