Doenças respiratórias lotam ambulatórios em São Paulo no 1º semestre

Aumento de 10% na procura por atendimento é reflexo do tempo seco e das queimadas; crianças e idosos estão entre os mais afetados

Elaine Freires e Taya Nicaccio

Doenças respiratórias lotam ambulatórios em São Paulo no 1º semestre
Tony Winston\Agência Brasília

A procura por atendimento ambulatorial por causa de doenças respiratórias no estado de São Paulo cresceu 10% no 1º semestre do ano. O tempo seco e a fumaça das queimadas têm levado mais idosos e crianças, principalmente, a procurarem ajuda médica, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo os especialistas, quem já tem alguma doença respiratória como asma, rinite alérgica ou bronquite crônica, sente ainda mais os efeitos das más condições climáticas.

A moradora do Jaraguá, na zona norte da capital paulista, Aline Martins, tem redobrado os cuidados com o filho Lucca, de 2 anos, que sofre com asma.

"Ele teve uma crise de tosse muito forte. Assim que acordei e levantei da cama, já senti um cheiro de queimado intenso. Parece que quando você está dormindo, esse odor é imperceptível. Está muito difícil respirar. O Lucca já fez uma internação por asma semana passada. Ele passou muito mal, teve que entrar com medicação e continua tomando corticoide, porque está impossível", conta.

Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 1.062.591 atendimentos ambulatoriais por causa de doenças respiratórias no estado de São Paulo. O número representa cerca de 36 mil casos a mais do que no mesmo período do ano passado.

O aumento de 10% é reflexo do tempo seco e das queimadas, segundo os médicos. Quem precisa de atendimento tem encontrado os serviços de saúde mais cheios nas últimas semanas.

A ouvinte Caroline Gonçalves é mãe do Luiz Vinícius, de 4 anos, que tem bronquite. Recentemente, ele passou por três crises: uma moderada e outras duas muito fortes.

“Nesta última vez que nós fomos ao pronto-socorro tinha muita criança com um caso parecido, desde bebezinhos de 3 meses até crianças maiores, todas muito mal por conta da secura do tempo. Em casa, fazemos três nebulizações. Uma logo cedo, assim que os meus filhos acordam, uma no meio do dia, antes deles irem para escola, e outra à noite, antes deles dormir. A lavagem nasal e a ingestão de água, também têm ajudado nesse processo”, conta.

As doenças como bronquite, sinusite, rinite alérgica e pneumonia são as que mais levaram à procura por atendimento médico. Crianças e idosos são os mais prejudicados pelo tempo seco.

O coordenador da equipe de pneumologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, José Rodrigues Pereira, reforça que a piora da qualidade do ar por causa das queimadas fez aumentar a procura por atendimento.

“Quanto maior o índice de poluição respirado pela população, maior a irritação com risco de descompensação dessas doenças. Com isso, também temos a dispersão de vírus com mais facilidade, especialmente nesta época do ano, em que as pessoas ficam muito mais gripadas, mesmo que não estejamos em um cenário de temperaturas muito baixas", explica o médico, que ressalta que a falta de chuva pode elevar a frequência de infecções respiratória.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma que a cidade de São Paulo registrou 76 mortes por síndrome respiratória aguda grave de agosto à primeira semana de setembro.

Os números de óbitos em decorrência de síndrome respiratória aguda grave coincidem com o aumento das queimadas que atingem quase todos os estados brasileiros.

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