O desembargador Luís César de Paula Espindola, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), disse durante sessão que julgava recurso de um caso de assédio de um professor a uma menina de 12 anos que "as mulheres estão loucas atrás de homens".
O recurso era julgado na 12ª Câmara Cível do TJPR, que é presidida por Espindola. A defesa do professor pedia a derrubada de uma medida protetiva que proíbe o professor de se aproximar da jovem.
"Essa é a realidade as mulheres estão loucas atrás dos homens, porque são muito poucos sabe? Esse é o mercado. É só sair à noite, eu não saio muito à noite, mas eu eu conheço, tenho funcionárias, tenho sabe. Tenho contato com o mundo", disse.
Nossa, a mulherada tá louca atrás do homem sabe? Louca para levar um elogio, uma piscada, sabe? Uma cantada educada, porque elas é que estão cantando, elas que estão assediando, porque não tem homem
Em nota, a Comissão de Igualdade e Gênero do TJPR classificou o caso como "lamentável" e "altamente discriminatório e desrespeitoso com as mulheres".
"Tal pensamento altamente discriminatório e desrespeitoso com as mulheres é totalmente incompatível com a dignidade e solenidade de uma Sessão de Julgamento, especialmente por expressar a injustificada ignorância sobre o protocolo para julgamento com perspectiva de gênero, de cumprimento obrigatório pelos Magistrados e Tribunais, além do desprezo e desrespeito pelas colegas Desembargadoras, servidoras e demais mulheres presentes naquele ambiente físico e virtual", diz a nota.
Espindola será investigado nos termos da resolução 135, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que prevê a aposentaria compulsória ou a demissão.
Espindola já foi condenado no ano passado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo crime de lesão corporal, no contexto de violência doméstica. As vítimas foram a própria mãe e a irmã do desembargador. Apesar da condenação, o STJ não afastou o magistrado do cargo.
Em nota, o desembargador disse que nunca houve a intenção de menosprezar o comportamento feminino, lamentou o ocorrido e disse ser solidário a todos que se sentiram ofendidos por suas falas.