"Daremos tratamento para mais pessoas", diz secretário sobre ação na Cracolândia

Em entrevista exclusiva à BandNews FM, o secretário municipal responsável pelos projetos que visam atender os dependentes químicos deu detalhes sobre novas medidas que serão aplicadas na região.

BandNews FM

O secretário-executivo de Projetos Estratégicos da Prefeitura de São Paulo, Alexis Vargas, falou sobre novas ações na Cracolândia, fez um balanço sobre atuação do poder público na região e deu detalhes sobre o método chamado de justiça terapêutica.  

Em entrevista exclusiva à BandNews FM nesta quinta-feira (26), o secretário explicou os detalhes da nova medida. No caso de um dependente químico que cometa um delito, em vez de aplicar uma pena de encarceramento, o juiz poderá encaminhar o indivíduo para tratamento. A novidade será usada em casos específicos. 

"A ideia é que a gente encaminhe a pessoa para tratamento. Seria uma alternativa a pena tradicional de privação de liberdade", disse. Os indivíduos serão levados para as unidades da rede do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT) ou para comunidades terapêuticas. Se for necessário, leitos hospitalares estão disponíveis.  

Alexis Vargas ratificou que a Prefeitura fará o acompanhamento dos dependentes químicos após a internação e até mesmo depois da alta. "Vamos integrar a base de dados do estado e da Prefeitura para ter um acompanhamento ainda melhor e mais preciso da trajetória de cada pessoa nas linhas de cuidado que a gente oferece", enfatizou.

A justiça terapêutica faz parte de um novo pacote de medidas para a Cracolândia. O anúncio foi feito na última terça (24), pelas gestões estadual e municipal. O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes afirmaram que a abordagem dos dependentes químicos será baseada nos pilares: saúde, assistência social, habitação e segurança urbana.

O prefeito da cidade de São Paulo afirmou que, com as novas medidas, será possível “vencer a Cracolândia”. Entre as novas ações estão: contratação de profissionais especializados em dependência química, projetos voltados para Assistência Social e Habitação, ampliação da oferta de vagas em comunidades terapêuticas e medidas para o policiamento da região, como a utilização de câmeras com reconhecimento facial.  

O governo estadual deu prazo de 90 dias para que essas câmeras com a nova tecnologia passem a funcionar. A Prefeitura participará do projeto e, de acordo com o secretário, elas ajudarão no combate à criminalidade e ao tráfico.

Ele reafirmou a estratégia de dispersar a Cracolândia em núcleos menores e citou uma diminuição no número de usuários concentrados. "Em 2016, quatro mil pessoas ficavam em uma única concentração. Hoje temos quatro concentrações médias, que tem pouco menos de 200 pessoas, e outros quatro focos com menos de 50 pessoas", completou.  

"Hoje não temos mais esse mercado de drogas estruturado na região", afirmou. Ele ratifica que as pessoas que permanecem são, em sua maioria, dependentes químicos em situação de rua e que os traficantes saíram do local.

A população em situação de rua é citada pelo secretário como um grande desafio para a gestão municipal. "Na cidade de São Paulo, a população em situação de rua sempre cresceu, mas na pandemia aumentou de uma forma aguda", disse Vargas. Ele explica que o uso da droga pode acontecer em concentrações de pessoas que moram na rua, mas que isso não caracteriza o local como um novo foco de usuários.

Para Alexis Vargas, o empenho da gestão pública tem mostrado resultados positivos. De acordo com o secretário, 60% das pessoas que chegam ao final do tratamento oferecido pela Prefeitura não voltam para a cena de uso.  

"Tem um investimento grande em revitalização da região central para ressignificar o território e deixar de ser uma grande cena de uso para se tornar um local de moradia e oferta de serviços públicos", completa o secretário-executivo de Projetos Estratégicos, Alexis Vargas.