A CPI da Pandemia abre os trabalhos nesta última semana de depoimentos com o sócio da VTCLog Raimundo Nonato Brasil. O depoimento desta terça-feira (05) deve abordar suspeitas de irregularidades nos contratos firmados entre a empresa e o Ministério da Saúde, já que há indícios de favorecimento da companhia.
Raimundo Nonato conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito de permanecer em silêncio para não se incriminar. Mas a decisão do ministro Dias Toffoli não permite que o depoente falte ao compromisso com os senadores. O magistrado entendeu que o sócio da VTCLog participa da CPI na condição de investigado, por isso, tem direito a ser acompanhado por advogados.
A VTCLog é investigada na comissão por suspeitas em contratos firmados com o Departamento de Logística do Ministério da Saúde, comandado então por Roberto Ferreira Dias. O ex-diretor do ministério que teria pedido propina na negociação de vacinas e teria beneficiado a VTCLog em pleitos contratuais.
Raimundo Nonato deve ser questionado também sobre a atuação da VTCLog junto ao ministério e possíveis interferências do deputado federal Ricardo Barros em negócios da empresa. A companhia assinou contrato com o ministério pela primeira vez em 2018, quando Barros era ministro da Saúde do governo Michel Temer.
FIM DOS TRABALHOS
Nesta segunda-feira (04), os senadores da CPI se reuniram para discutir os últimos passos da comissão, que deve ser encerrada no fim do mês. A previsão é que o relator, senador Renan Calheiros, apresente o relatório com as conclusões dos trabalhos no dia 19 de outubro. O parece será votado no dia seguinte, 20 de outubro.
O presidente do colegiado, senador Omar Aziz, disse que uma nova convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está descartada. Segundo o parlamentar, o médico usaria à CPI de palanque. Queiroga tem sido questionado nos últimos dias por abraçar teses anti-ciência para agradar ao presidente Jair Bolsonaro.
CALENDÁRIO DA SEMANA
Na quarta-feira (06), os senadores recebem na CPI da Pandemia o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Paulo Roberto Rebello Filho. Ele será cobrado sobre investigações da ANS contra a Prevent Senior. A operadora de planos de saúde é acusada pela difusão em massa do “kit Covid”, conjunto de medicamentos ineficazes contra a doença pandêmica. Rebello foi também chefe de gabinete do Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, na gestão do deputado Ricardo Barros.
Por fim, na quinta-feira (07), existe a possibilidade de um dos médicos que denunciou supostas irregularidades na Prevent Senior compareça para depor.
Esta deve ser a última semana de depoimentos. Já que na próxima semana tem feriado e a previsão de entrega final do relatório da comissão é no dia 19 de setembro.