O chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, reforça as acusações contra integrantes do governo federal sobre a compra da vacina Covaxin.
Ele e o irmão, o deputado federal Luís Miranda, estiveram presentes na comissão parlamentar de inquérito.
No começo da sessão, o servidor mostrou documentos que corresponderiam a recibos da compra do imunizante.
De acordo com Luís Ricardo, um primeiro documento de 18 de março já teria chamado sua atenção pela necessidade de pagamento adiantado das doses e pela quantidade menor informada no documento.
O servidor explicou que essas informações teriam sido modificadas no terceiro recibo, de 23 de março. Com isso, um dia depois, a licença de importação conseguiu ser aberta.
Durante o processo, Luis Ricardo teria sido pressionado sobre o contrato de compra da Covaxin. Ele apresentou mensagens e disse que recebeu ligações fora do seu horário de trabalho.
Sobre essa pressão, o deputado federal Luis Miranda lembrou que o irmão lhe teria contado sobre um servidor chamado Rodrigo, o qual falou sobre pedidos de propina que deveriam ser cumpridos a fim de que os contratos de compra fossem assinados.
Ainda na comissão, o parlamentar revelou áudios enviados a Diniz Coelho, ajudante do presidente Jair Bolsonaro, falando sobre a pressão que seu irmão servidor estaria sofrendo.
Cronologia
Os irmãos relataram ao Ministério Público Federal que estavam sendo pressionados para agilizar o processo de importação da vacina indiana Covaxin contra a Covid-19.
O contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, uma empresa que faz a intermediação do imunizante no Brasil, está sendo investigado pela comissão parlamentar de inquérito.
O governo federal fechou a compra de 20 milhões de doses da vacina em uma negociação com cifras que chegam a R$ 1,6 bilhão.
O ministro da Secretária-geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, questionou a autenticidade dos documentos e declarou que a Polícia Federal está acompanhando o caso.