Os trabalhos na CPI da Pandemia são retomados nesta semana com incertezas no calendário de depoimento e decisões do Supremo Tribunal Federal influenciando os trabalhos. Nesta terça-feira (13), os senadores esperam ouvir a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades. A executiva da empresa que intermediou a compra da vacina indiana Covaxin com o Ministério da Saúde, no entanto, conquistou um habeas corpus no STF para ficar em silêncio na reunião e não produzir provas contra si. A decisão do ministro Luiz Fux não permite que ela não compareça à CPI.
O contrato de compra do imunizante indiano já é alvo de investigação no Ministério Público Federal e na Polícia Federal. O acordo, o mais caro firmado entre o Ministério da Saúde e uma empresa privada para a compra de vacinas, é visto com suspeito por um possível direcionamento do contrato. Nenhuma dose da compra de 20 milhões de unidades chegou ao Brasil por problemas na importação e pela falta de aval da Anvisa.
Outro nome importante da Precisa Medicamentos, o presidente Francisco Maximiano, também foi convocado para depor, mas após cumprir quarentena por ter retornado da Índia e ter conquistado um habeas corpus para ficar em silêncio na comissão, teve a convocação adiada.
A semana de depoimento deveria avançar a investigação em direção aos acordos e personagens suspeitos na negociação de vacinas. Mas o calendário até então planejado ainda está em aberto.
Nesta quarta-feira (14), o reverendo Amilton Gomes de Paulo deveria ser ouvido. Mas o fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários apresentou um atestado médico de problemas renais para justificar a falta. O religioso recebeu o aval do Ministério da Saúde para negociar a compra de até 400 milhões de doses da AstraZeneca por meio da Davati Medical Supply. A empresa baseada nos Estados Unidos ofereceria imunizantes sem a comprovação de que teria condições de entregar o produto.
Por determinação do presidente da CPI, senador Omar Aziz, o reverendo precisará passar por uma perícia com médicos do Senado para comprovar a veracidade do atestado apresentado para faltar ao depoimento.
Na quinta (15), o tenente coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, é aguardado para prestar depoimento. Entretanto, o homem que teria participado de um jantar com pedido de propina na compra de vacinas, recorreu ao Supremo para não ir ao Senado.
Com a busca por liminares no judiciário, a cúpula da CPI ainda discute o que fazer com os trabalhos.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, teria alertado aos senadores que os trabalhos ficariam paralisados nas duas semanas de recesso do Legislativo, mas não já consenso para adotar a medida. Os integrantes da comissão que fazem oposição ao governo também pressionam a prorrogação dos trabalhos da comissão, assegurados até meados de agosto.