O Comitê de Política Monetária do Banco Central eleva a taxa básica de juros de 11,75% para 12,75% ao ano. A decisão foi tomada de forma unânime pelo COPOM. Com a nova alta, este é o maior patamar do índice desde 2017, quando a Selic era de 13%.
O Banco Central explicou a alta afirmando que a inflação ao consumidor continuou surpreendendo negativamente. De acordo com a instituição, a expectativa para a inflação de 2022 está em 7,9% e, de 2023, em 4,1%.
A nota também cita o cenário internacional: “O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. A reprecificação da política monetária nos países avançados eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes”.
REPERCUSSÃO
Economistas consultados pela BandNews FM avaliam que a taxa básica de juros deve ficar ainda mais alta nos próximos meses, mas é improvável que supere o patamar de 2015 – quando atingiu 14,25% ao ano.
O ex-diretor do Banco Central e sócio-diretor da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, entende que o Banco Central dá sinais de que quer frear a Selic. Ele lembra que os juros e a inflação altos não são exclusividade do Brasil: “o que o Banco Central está dizendo é que está propenso a parar de subir os juros. Porém, como o ambiente está muito incerto, se reserva ao direito de analisar o cenário a cada reunião. Está certíssimo. Não é algo que está acontecendo apenas aqui. É difícil saber se parou por aí”.
Luiz Fernando Figueiredo explicou, ainda, que subir a Selic não provoca um efeito imediato: “quando o Banco Central atua, já começa a ter efeito. O efeito vai se espalhando na economia e esfriando a atividade. Há um ímpeto menor de aumento de preços logo em seguida. Por isso, o efeito é primeiro na atividade e depois na inflação. O cálculo é que, no caso brasileiro, demore em torno de 9 meses. Na prática, a inflação de hoje está tendo um efeito dos juros de 9 meses atrás, que era muito mais baixo. Então demora um tempo".
Com os juros já elevados, o economista Roberto Luís Troster explica que o Banco Central poderia estabilizar o câmbio para conter a inflação: “tem 360 bilhões em reservas. Elas não vão cair se você usar uma política cambial mais agressiva e evitar que o câmbio oscile tanto. Isso ajudaria muito. É um instrumento de política monetária que não está sendo usado”.