Comerciantes relatam prejuízos com espalhamento da cracolândia em São Paulo

Donos de bares e restaurantes trabalham com estabelecimentos em meia porta e revelam que o faturamento caiu até 80% após a chegada dos usuários de droga

BandNews FM

A maior concentração está localizada na avenida Duque de Caxias.
Foto: Reprodução

Os comerciantes da região da Santa Ifigênia acumulam prejuízos desde que os usuários de drogas da cracolândia foram retirados da Praça Princesa Isabel, no Centro de São Paulo. Apuração da Central de Ouvintes Ricardo Boechat revela que alguns estabelecimentos tiveram queda de até 80% no faturamento.

As ruas dos bairros Luz, Campos Elísios, Santa Cecília, e Bom Retiro foram ocupadas por “mini-cracolândias” após a dispersão dos usuários após ações da Polícia Civil nos meses de maio e junho, o que tem aumentado a sensação de insegurança de moradores e comerciantes. 

Desde maio, lojistas trabalham com meia porta aberta ou fazem horários alternativos com medo de saques e assaltos.

Imagens obtidas pela Central de Ouvintes Ricardo Boechat mostraram os usuários de crack nas ruas Andradas, Guaianases e na esquina da avenida Duque de Caxias com a Rio Branco. 

Grupos com até mil pessoas se reúnem durante a madrugada nos pontos. Os vídeos aos quais a BandNews FM teve acesso mostram a venda e o consumo de entorpecentes. 

A maior concentração, que inclui até barracos com pessoas dormindo, está localizada na avenida Duque de Caxias. O dono de um restaurante, Fábio Luis Schaberle, na mesma avenida, atendia em média 40 pessoas por dia, mas o movimento caiu drasticamente no último mês: “Hoje só entram de 4 a 6 pessoas por dia para comer aqui”, reclama o dono. 

“Quando o cliente se depara com a calçada cheia de usuários de drogas, ele vai embora. Cancela na hora”, explica o gerente de um hotel, Bruno Duarte, que afirma que a taxa de cancelamento está na marca de 50%.

O número de policiais nas ruas dobrou com a Operação Sufoco, que visa combater a criminalidade e melhorar a sensação de segurança da população. Mas os moradores da região da Santa Ifigênia e do Complexo Júlio Prestes têm medo de sair à rua desde que a concentração de usuários de drogas deixou a Praça Princesa Isabel.

A rotina de um morador, que pediu para não ser identificado, mudou drasticamente no último mês: “A qualquer hora do dia dá medo de sair e chegar de casa. Durante as madrugadas, ninguém dorme com tanto barulho”, lamenta. 

A Secretaria de Segurança Pública afirma que está atenta aos indicadores criminais e realiza ações para reforçar o policiamento na região. 

A polícia tem realizado constantemente a Operação Caronte com o trabalho de inteligência para identificar os traficantes que atuam na região da cracolândia. Desde o início da ação, em julho do ano passado, 112 criminosos foram presos e permanecem detidos. 

A Prefeitura de São Paulo oferece serviços integrados de saúde, assistência social, trabalho e direitos humanos para pessoas em situação de vulnerabilidade social na região. 

O número de pessoas atendidas no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), localizado na Praça Princesa Isabel, aumentou 34,7% do primeiro para o quinto mês deste ano. 

A Secretaria Municipal da Saúde informa que no mês de maio, as equipes do Consultório na Rua realizaram 11.951 abordagens e 5.443 atendimentos médicos e multiprofissionais às pessoas em situação de rua na região central da cidade. 

Na última terça-feira (21), o Serviço Especializado de Abordagem Social realizou 163 atendimentos às pessoas que vivem em situação de rua ou vulnerabilidade social nos arredores da Praça Princesa Isabel, Avenida Duque de Caxias, Avenida Rio Branco e arredores. 

Do total de atendimentos, 36 resultaram em encaminhamentos, sendo que destes, 16 foram providências relativas a documentações e 13 para pernoite. Além disso, foram registradas 127 orientações.

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